Depois de ter avançado alguns dos vencedores da época que acabou, chegou a hora de apontar aqueles que, do ponto de vista comunicacional, saíram derrotados de uma temporada demasiadas vezes tensa.
BRUNO DE CARVALHO
A aposta foi grande e a não consumação dos objetivos só se pode traduzir numa derrota da mesma dimensão. O presidente do Sporting apostou tudo numa estratégia de permanente risco e saiu derrotado. A comunicação foi desastrosa: por ser tão intensa transformou-se em caricatura, por ser tão recorrente transformou-se em ruído. Reputacionalmente, os resultados foram diferentes: se, por um lado, o seu estilo tem levado a uma desvalorização do peso das suas palavras, por outro lado, o Sporting é hoje bem mais competitivo.
É uma falácia estabelecer uma correlação entre o tricampeonato do Benfica e a presidência de Bruno de Carvalho: se é verdade que o atual líder do Sporting fala demasiadas vezes, com conteúdos quase sempre de péssimo gosto, também é verdade que a formação de Alvalade está agora mais próxima dos rivais, mesmo no período pré-Jorge Jesus. Soubesse Bruno de Carvalho estabelecer uma boa estratégia de comunicação e não seria o maior derrotado desta época desportiva, mesmo tendo terminado em segundo lugar.
JORGE JESUS
Um dos vencedores da temporada também pode ser um dos derrotados. Porque perdeu, mas, sobretudo, porque confirmou o pior da sua reputação. Por vezes, Jesus cai na tentação de tentar a criação de um sistema filosófico. O problema é que este varia demasiadas vezes em função dos resultados. As questões de justiça são o mais óbvio exemplo: durante muito tempo, Jesus defendeu que quem liderava era naturalmente melhor; após ter sido ultrapassado pelo Benfica de Rui Vitória, o melhor já não era necessariamente o líder. Para além disto, a forma como se comportou em relação ao atual treinador do Benfica foi muito para lá da normal rivalidade: Jesus transformou a contenda em algo doentio, sendo apoiado pela direção do Sporting e pelas fontes não identificadas do Benfica.
PINTO DA COSTA
Há três temporadas que não conquista títulos, apesar dos fortes investimentos feitos nas duas últimas épocas. O crédito que conquistou ao longo de muitas décadas de vitórias permite que a contestação existente seja apenas feita de surdina. Mas ela começa a manifestar-se, com Vítor Baía à frente de todos. Atualmente ninguém parece pensar o futebol do FC Porto, por isso as notícias sobre divisões na SAD são tão graves: fundamentadas ou não, o facto de estarem enquadradas por uma perceção generalizada de falta de rumo afeta inevitavelmente a reputação do clube.
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A próxima temporada assume-se como decisiva. Para já, o FC Porto conseguiu um elemento positivo ao anunciar o treinador com antecedência. Ainda assim, o nome de Nuno Espírito Santo está longe de ter força suficiente para, só por si, gerar entusiasmo.
JOSÉ EDUARDO SIMÕES
A Académica há muito que vinha ameaçando uma descida de divisão. E esta temporada apenas confirmou algo que há muito todos sabiam: em Coimbra não havia quem fosse capaz de construir uma equipa com qualidade, ao nível do histórico da Académica.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.