O campeonato italiano de futebol, suspenso sexta-feira na sequência da morte de um polícia e de graves confrontos no final do jogo entre Catânia e Palermo, pode recomeçar à ''porta fechada'' no espaço de duas de semanas.
De acordo com a imprensa transalpina, que anuncia também o aumento do número de detidos para 29, esta pode ser uma das medidas impostas pelo governo italiano, apesar de não estar afastada a possibilidade de os encontros se disputarem abertos ao público.
Nesta última situação, no entanto, o governo italiano poderá suspender imediatamente as partidas ou novamente o campeonato, caso se verifiquem confrontos ou se os adeptos lançarem petardos ou outros objectos para o relvado.
O Procurador-Geral adjunto da Catânia, Renato Papa, explicou hoje também que o polícia assassinado, Filippo Raciti, de 38 anos, pode ter sido vítima de um golpe no fígado, de acordo com os primeiros resultados das autópsias.
Esta é a segunda vez que o futebol italiano é suspenso em todas as suas categorias (inclusive a selecção), fruto de confrontos e mortes: há mais de 12 anos, a 29 de Janeiro de 2005, um adepto do Génova foi apunhalado por um apoiante do AC Milan.
Uma semana depois, a 05 de Fevereiro, o campeonato esteve parado e todas as instituições desportivas e políticas italianas repudiaram os confrontos e a violência que assombrou essa semana.
Outra situação bem diferente, mas que motivou igualmente a suspensão do ''Cálcio'', aconteceu a 02 de Abril de 2005, então pela morte do Papa João Paulo II.
Segunda-feira, o Ministro do Interior, Giuliano Amato, encontra-se com o seu homólogo do Desporto, Giovanna Melandri, numa sessão que pode também contar com a presença do chefe do Governo, Romani Prodi.
Em causa está a aprovação de novas leis no combate à violência, já que o decreto Pisanu, elaborado em 2006, parece não estar a ser cumprido.
Esta lei anti-violência, da autoria do então Ministro do Interior Giussepe Pisanu, estabelecia a existência de estádios com todos os lugares reservados e fixados, o registo de entrada e saída dos recintos, assim como bilhetes unipessoais.
Acontece, porém, que a maioria dos estádios não cumpre nenhuma das regras previstas por Pisanu e o caso mais flagrante é mesmo o do estádio do Catânia: aos sábados, realiza-se nas suas imediações o mercado da cidade, tornando-se fácil aos prevaricadores introduzir dentro do recinto todo e qualquer tipo de material explosivo ou de atentado ao ''fair-play'' desportivo, já que os balneários são utilizados como apoio ao mercado.
A fúria e mau comportamento dos adeptos italianos são tão visíveis que, nesta temporada, foram já contabilizados inúmeros incidentes nas várias divisões, com a prisão de 108 pessoas e 486 denúncias.
LUSA