Crónica: Islândia surpreende e elimina Inglaterra com todo o mérito

A Inglaterra começou o jogo praticamente a ganhar, através de um penálti executado por Wayne Rooney, aos quatro minutos, mas a seleção islandesa reagiu de imediato, restabelecendo o empate dois minutos depois, por Ragnar Sigurdsson, e dando a volta ao marcador aos 18, por Kolbein Sigthorsson.

A vitória islandesa só constituiu surpresa para quem não viu o jogo, porque a formação nórdica conseguiu sempre suster o ataque inglês e controlar o jogo, sem nunca se ter sentido verdadeiramente pressionada ou com necessidade de sofrer para segurar a vantagem.

Um erro do guarda-redes Halldorsson, pelo ‘timing’ com que saiu aos pés de Sterling, derrubando-o, colocou a Inglaterra em vantagem, mas dois minutos depois a defesa inglesa permitiu um golo de um lançamento lateral, numa jogada estudada dos islandeses, em que a bola chegou ao central Ragnar Sigurdsson, a grande figura da partida, que finalizou na pequena área.

O segundo golo islandês resultou de outro erro da defesa inglesa, que permitiu que uma tabela entre Sigurdsson e Bodvarsson culminasse com uma assistência para Sigthorsson finalizar, com a ‘colaboração’ do guarda-redes Joe Hart, mal batido.

Pensou-se que a Inglaterra iria 'cair em cima' da Islândia, mas, se é verdade que os ingleses tiveram mais posse de bola e dominaram largos períodos do jogo, também é um facto que a defesa insular foi chegando e sobrando para as situações criadas pelo ataque inglês.

Bem organizados em campo, agressivos nas marcações, com excelente sentido posicional, de antecipação e de entreajuda, revelador de uma cultura tática acima da média, os islandeses controlaram sempre o ataque inglês, sem soluções para abrir espaços no último reduto islandês.

Houve mérito dos islandeses, mas também muita falta de intensidade de jogo por parte dos ingleses, que denotaram claramente falta de ideias e de frescura física, que contrastou com a pujança dos islandeses, fortes nos duelos individuais e rápidos com e sem bola.

À medida que o tempo escoava, mais os ingleses perdiam discernimento e mais ganhava corpo a ideia de a Islândia se apurar para os quartos de final, a qual só estremeceu um pouco nos derradeiros minutos com a entrada do jovem Rashford, que agitou o flanco esquerdo do ataque inglês e criou dificuldades à Islândia.

De resto, é inexplicável que Roy Hogdson só tenha lançado o extremo do Manchester United aos 87 minutos, com o jogo mesmo a acabar.