O presidente do Sporting, Filipe Soares Franco, admitiu hoje ao diário Público que pode abandonar Alvalade em Junho, caso não consiga baixar o passivo do clube para 200 milhões de euros.
''Posso ir embora. Posso perfeitamente dizer que não consigo governar o Sporting, não tenho problema nenhum em fazê-lo...'', admitiu Soares Franco, acrescentando que a sua continuidade está dependente de decisões da Câmara de Lisboa e da empresa que gere o Metro da capital.
O objectivo de baixar a fasquia do passivo em cerca de 70 milhões de euros ''depende exclusivamente de decisões políticas de autoridades e empresas ligadas ao Estado, e de organismos locais'', explicou ao Público Soares Franco.
Depois de encaixar cerca de 40 milhões de euros com a venda de grande parte de património não-desportivo (edifício-sede, ginásio Holmes Place, clínica CUF e centro comercial Alvaláxia), o Sporting precisa agora do aval da Câmara e do Metro para avançar com outros projectos necessários para o saneamento do clube.
''Falta ainda obter autorização da Câmara de Lisboa para construir uma área de 130 metros quadrados em alguns terrenos junto ao novo estádio, bem como concretizar um protocolo com o Metro de Lisboa para se poder edificar sobre a interface que há ao lado do Alvaláxia'', escreve o diário na sua edição de hoje.
O presidente do Sporting garante que estes projectos já foram formalizados em protocolo, mas continuam parados devido a problemas administrativos.
''E enquanto as coisas não se resolvem, o Sporting paga pela dívida que tem dez mil euros por dia'', lamentou Soares Franco, admitindo que a instituição está à ''beira do limite'', um cenário que poderá levar o clube a ''responsabilizar as entidades oficiais e governamentais, empresas e autoridades políticas que estão envolvidas neste processo''.
''Não se pode escrever coisas num papel, escrever protocolos, deixar que o Sporting faça um conjunto de investimentos, assumir compromissos...'', frisou o presidente do Sporting, apontando o aumento de capital como o próximo passo, se resolvidos os problemas da alienação de património.
Filipe Soares Franco reconhece, porém, que esse objectivo poderá conhecer outros entraves, pois o aumento de capital estará dependente de uma ''mudança cultural no clube'', para que os actuais accionistas aceitem a possibilidade de o Sporting deixar de ter a maioria de capital na SAD.
''O Sporting, como maior accionista, tem de ter a gestão mas não tem de ter a maioria da SAD'', defendeu o responsável máximo dos ''leões'', admitindo, porém, que a ideia poderá debater-se com muitos entraves.
Soares Franco sabe que existe ''um conjunto de pessoas no Sporting que não aceitam'' essa possibilidade e pede alternativas aos mais cépticos.
''Eu admito que possam ter uma opinião divergente. O que não está certo é terem uma opinião divergente e não apresentem um plano. É muito fácil dizer mal sem apresentar uma alternativa'', destacou o presidente ''leonino''.
LUSA