Joviano Pereira quer convencer a filha Nathalie Pereira Fordelone a torcer por Portugal na final do Euro2016 contra a França, no próximo domingo, mas Nathalie promete gritar pelos "Bleus" contra o resto da família.
"O meu coração é francês, nasci em França. Sou filha de pais portugueses, mas a minha Nação é a França. Adoro Portugal, tenho uma casa no Algarve, mas sinto-me mais francesa que portuguesa. Tenho dois países, é complicado explicar, mas o meu coração é pela França e vou defender as cores francesas", disse à Lusa a lusodescendente de 43 anos.
O pai, Joviano Pereira, acha que vai conseguir convencer a filha a apoiar a Seleção das Quinas, caso contrário, vai ser "uma guerra alegre".
"Os meus filhos são portugueses e franceses porque nasceram em França, mas vamos apoiar a nossa equipa portuguesa, todos, todos! A minha filha é francesa, mas é filha de portugueses. Eu vou conseguir fazê-la mudar de ideias. Senão, vai ser uma guerra alegre", exclamou Joviano.
O português de 64 anos chegou ao "bidonville" de Champigny, nos arredores de Paris, com 15 anos, com o pai e o irmão, em 1966, tendo vivido a maior parte da sua vida em Ormesson, também nos subúrbios de Paris, onde nasceu Nathalie e os outros três filhos.
Hoje, Joviano divide o seu tempo entre Ormesson e Alvor, no distrito de Portimão, onde vai assistir à final com toda a família que já está de férias.
"Os meus dentes são franceses, mas o meu coração é português. No domingo vai ser bacalhauzinho com vinho que eu não gosto muito dos caracóis da Borgonha", lançou o português.
Joviano está com receio que a arbitragem do próximo domingo azede o jantar e avisa que vai ficar "muito triste" se a França vencer.
"Quando vi o jogo com a Alemanha, parece que há uma estratégia formada para a França ganhar. Fiquei triste porque o árbitro está comprado para a França ganhar. Tenho muito receio que isso aconteça contra Portugal”, disse.
Se a França ganhar, Nathalie está pronta para festejar, mas se perder, vai festejar na mesma porque os lusodescendentes "já venceram".
"Eu já sou vencedora porque o meu coração é francês, mas também português. Aconteça o que acontecer no domingo, já ganhámos porque temos duas nações mas, claro, a minha preferência é a França porque moro em França, nasci em França e trabalho com a comunidade francesa", continuou a vereadora na Câmara de Pomponne.
Ainda que trabalhe junto dos franceses, a vereadora faz parte da rede de autarcas de origem portuguesa Cívica e até criou a associação Civica Femina, que reúne as mulheres autarcas de origem portuguesa, avançando que "sempre que os portugueses têm um problema recorrem aos autarcas portugueses e não franceses".
Joviano lembrou, também, que, tanto a seleção portuguesa, quanto a francesa têm jogadores lusodescendentes, como Raphaël Guerreiro, Adrien Silva e Anthony Lopes nas "Quinas", Antoine Griezmann nos "Bleus", num percurso que se assemelha ao iniciado pelo próprio filho.
"O meu filho tem 18 anos, está em Portugal, esteve na formação no Portimonense e quando os juniores do Portimonense subiram à primeira divisão deslocava-se pelo país e jogou com o Benfica, Sporting, Académica de Coimbra? O Griezmann é como muitos dos nossos portugueses", concluiu.