Bento: Antigo guarda-redes aplaudido pela última vez nos Olivais

Às 18:30, o cortejo onde seguia o caixão do antigo internacional português deu entrada no crematório do cemitério dos Olivais, onde já era aguardado por Luís Filipe Vieira, debaixo da aclamação das cerca de 500 pessoas que quiseram prestar uma última homenagem a Bento.

Entre os aplausos e cachecóis e bandeiras da equipa da Luz e da selecção nacional, ouviram-se cânticos de ''Benfica, Benfica'' e ''campeão, campeão'', enquanto que algumas pessoas, visivelmente perturbadas, não conseguiram conter as lágrimas.

''Não choro facilmente mas hoje não aguentei. A emoção é muito forte, Ele era um ídolo da minha infância, cresci a vê-lo jogar e quando era miúdo sonhava que um dia seria guarda-redes como ele'', disse à Agência Lusa Francisco Silva, adepto do Benfica.

Por momentos, o cemitério dos Olivais foi invadido por verdadeiras figuras do passado, presente e futuro dos ''encarnados'', com José Augusto, Humberto Coelho, António Simões e Eusébio, antigos colegas de Bento, o médio Rui Costa, do actual plantel do Benfica, e a equipa de juniores a marcarem presença num último adeus ao ''homem de borracha''.

''O Bento vai ficar sempre na nossa memória. Era uma pessoa irreverente, de uma amizade extraordinária e tinha espírito de campeão. Será um dos grandes guarda-redes do nosso futebol, e quem sabe o melhor'', apontou António Simões.

Notoriamente debaixo de uma grande comoção, Eusébio, que não quis falar com os jornalistas, ficou pelo parque de estacionamento do cemitério e não foi capaz de seguir o corpo de Manuel Bento até ao crematório.

O ''pantera negra'' chegou mesmo a criar alguma preocupação junto dos adeptos e antigos jogadores do Benfica, que lhe perguntavam frequentemente se necessitava de alguma ajuda ou até de algum apoio médico.

Além dos sentidos aplausos, as pessoas que marcaram presença no cemitério dos Olivais rodearam o edifício do crematório de flores, mensagens e fotografias de Manuel Bento.

Manuel Galrinho Bento, que foi titular da baliza do Benfica e da selecção portuguesa durante uma década nos anos 70 e 80, morreu ao início da tarde de quinta-feira no Barreiro, aos 58 anos, devido a uma paragem cardio-respiratória originada por enfarte de miocárdio.

Ao longo da sua carreira, Bento conquistou oito títulos de campeão nacional, seis taças de Portugal e duas supertaças, além de ter sido um dos protagonistas do terceiro lugar alcançado por Portugal no Europeu de 1984, em França, e do polémico ''caso Saltillo'', uma ameaça de greve dos jogadores no Mundial de 1986, no México.

LUSA