O autor do livro “O Berlinde com Eusébio lá Dentro” está a ser acusado por advogados do Benfica de utilizar indevidamente a imagem de Eusébio na obra, disse esta quarta-feira o escritor, que nega as acusações.
“O livro é de crónicas que resgatam as memórias da minha infância até à idade adulta em Moçambique e, para a capa do livro, pedi ao fotógrafo que fizesse uma fotografia do meu filho, que tem 18 anos”, a jogar à bola, disse à Lusa Almiro Lobo.
O autor moçambicano negou que a imagem da capa do seu livro seja de Eusébio da Silva Ferreira, mas sim do seu filho e que a obra trata apenas das suas memórias.
A obra, publicada pela Alcance Editores, foi lançada em agosto em Moçambique e tem na capa a foto de um jovem a jogar à bola, que segundo o escritório Luís Laureano Santos e Associados/Sociedade de Advogados - que se apresenta como representante legal do clube português - seria uma fotografia de Eusébio da Silva Ferreira.
“Estranhei toda essa reação, do que me consta, partiu de um escritório de advogados do Sport Lisboa e Benfica. E devido a essa reação, a minha editora em Maputo suspendeu a venda do livro em Maputo, aguardando agora que eu regresse a Moçambique para dar uma resposta ao escritório de advogados”, acrescentou Almiro Lobo, que está em Lisboa e regressa ao seu país a 9 de outubro.
O escritório de advogados, numa carta endereçada à Alcance Editores datada de 23 de setembro, a que a Lusa teve acesso, diz que o Benfica “detém contratualmente todos os direitos de gestão e exploração da marca Eusébio, onde estão incluídas, entre outras, todas as suas imagens e nome”.
A carta, assinada por Pedro Abreu Rocha, indicou ainda que o Benfica não teria dado “autorização a terceiros que explorassem, sob que forma for, a imagem de Eusébio”, dizendo que a editora não pode comercializar o “citado livro” com a foto do ex-jogador luso-moçambicano de futebol, que morreu em 2014.
O escritório de advogados afirmou que a editora deveria suspender a venda do livro e retirar a foto de Eusébio da capa, indicando ainda que se essas providências não fossem tomadas, “iria iniciar os mecanismos legais, a fim de proteger os direitos do SLB (Benfica)”.
Almiro Lobo disse que foi “apanhado de surpresa” com esta história.
“Não entendo os argumentos dos advogados do Benfica, fico triste ao imaginar que as minhas memórias não possam ser publicadas por motivos que não entendo”, disse, indicando que o livro não trata, em nenhum momento, da história de Eusébio da Silva Ferreira.
A agência Lusa contactou o Sport Lisboa e Benfica para esclarecer esta situação, mas ainda não obteve resposta.