O ex-futebolista Emílio Peixe, atual selecionador de sub-20, considera que o principal objetivo foi garantido com a qualificação para o Mundial da categoria, mas que existe uma grande responsabilidade pela frente.
“Obviamente que ninguém vai ao torneio para perder. Vamos com grande responsabilidade, que advém de representarmos Portugal ao mais alto nível. Queremos aproveitar, trabalhar juntos para vencer todos os jogos que possamos”, salientou Peixe numa longa entrevista à FIFA.
O antigo médio internacional português, vencedor do prémio de melhor jogador do Mundial de sub-20 em 1991, numa edição em que Portugal se sagrou bicampeão do mundo, abordou vários temas, desde o Mundial de Lisboa aos tempos atuais.
Para Peixe, jogador que fez parte da chamada ‘geração de ouro’, com nomes como Rui Costa ou Luís Figo, esses mesmos títulos, sob o comando de Carlos Queiroz, significaram uma mudança de mentalidade no futebol português.
“Marcou um importante ponto de viragem no futebol português. A organização de base melhorou, era óbvio que o talento existia e que tínhamos que cumprir o nosso potencial. Desde esse momento que o futebol português não foi mais o mesmo”, justificou.
O antigo médio, que diz ser um admirador de Carlos Queiroz, atual selecionador do Irão, considera que a partir daí foi possível “subir uns degraus na escada” e ser mais competitivos, capazes de “enfrentar equipas mais fortes”.
“Ele [Carlos Queiroz] é um treinador que está sempre um passo à frente. É um exemplo, quer pessoal, como profissionalmente”, elogiou Peixe, que no Mundial da Coreia do Sul, de 20 de maio a 11 de junho, desempenhará as funções que Queiroz teve em Riade (1989) e Lisboa (1991).
O antigo futebolista, que representou Sporting, FC Porto e Benfica, revelou ainda que guarda a ‘Bola de Ouro’ desse Mundial de 1991 em casa da mãe, mas que não é uma pessoa que goste de falar do passado.
“Tenho muito orgulho do que fiz enquanto jogador. O que consegui no relvado é muito importante, mas são as experiências pessoais e as aventuras na minha carreira que me enriqueceram mais”, considerou Peixe.
Como técnico na formação da Federação, desde 2008, o antigo jogador tem lidado com gerações de jovens futebolistas, razão pela qual considera que ser treinador “é mais completo e gratificante” do que ser jogador.
“Ter sido futebolista traz benefício ao cargo de treinador, porque entendemos melhor certas situações, que nos permitem antecipar coisas, mas só isso não é suficiente. Temos que estudar, prepararmo-nos, atualizarmo-nos. Estamos sempre a aprender, ser completos e capazes de passar a mensagem. Ser treinador enche-me de paixão”, salientou Emílio Peixe.
Um papel que permitiu ao ex-jogador lidar com os mais recentes exemplos da nova geração, na qual Peixe viu Rúben Neves chegar à equipa principal do FC Porto e Renato Sanches à do Benfica, a um título europeu e à transferência para o Bayern Munique.
“Dois dos nossos jogadores, Rúben Neves e o Renato, já tiveram internacionalizações [AA]. Como treinador, é um privilégio ver jogadores tão jovens a aproveitarem o sucesso”, congratulou-se o ex-jogador.
Para Peixe também é um sinal positivo para reforçar a mensagem a outros jovens jogadores: “Mostramos a outros para que vejam o que é possível, mas apenas com trabalho persistente e esforço, porque é uma profissão dura e exigente”.