Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) rejeitaram hoje a ordem judicial do juiz de Madrid Arturo Zamarriego, que proibiu a publicação de informação sobre o caso 'Football Leaks', considerando que esta constitui um atentado à liberdade de informar.
“A RSF expressa o seu apoio ao consórcio de jornais que revelou o caso e mostra-se contra uma decisão que atenta gravemente contra a liberdade de informar”, disse, em comunicado, a porta-voz da organização não-governamental.
Na nota, Pauline Adès-Mével recorda que o direito à informação deve estar protegido e que toda a iniciativa que tenha como objetivo privar os cidadãos do acesso à informação deve ser condenada.
No auto, datado de 02 de dezembro e a que a AFP teve acesso, o juiz do tribunal madrileno pede auxílio judicial às autoridades alemãs para que instem o Der Spiegel, depositário dos 18 milhões de documentos revelados pelo ‘site' Football Leaks', e os outros membros do consórcio European Investigative Collaborations (EIC) a não difundir nenhum dado relativo aos clientes de Senn Ferrero, entre os quais estão Cristiano Ronaldo, José Mourinho e Jorge Mendes.
De acordo com a AFP, o magistrado argumenta que as informações divulgadas pelo ‘Football Leaks' resultaram de uma violação do direito de privacidade, uma vez que terão sido obtidas através de um ataque cibernético à empresa espanhola, que aconselha desportistas quanto ao regime fiscal.
Assim, o auto pretende "paralisar e/ou banir a publicação, em papel ou em formato digital, de informação confidencial de âmbito pessoal, financeiro, fiscal e/ou legal dos clientes da Senn Ferrero, a cujo consórcio de jornalistas European Investigative Collaborations (EIC) possa ter acesso".
A 02 de dezembro, os membros do EIC, que inclui o Expresso, noticiaram que Cristiano Ronaldo evadiu, supostamente, 150 milhões de euros em impostos através de uma sociedade nas Ilhas Virgens.
A informação, que também envolve outros jogadores, entre os quais Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho ou Pepe, todos agenciados por Jorge Mendes, foi colhida a partir de 1.900 gigabytes de documentos a que o referido consórcio europeu teve acesso e sobre os quais trabalharam 60 jornalistas durante mais de sete meses.
De acordo com os documentos, cedidos aos citados OCS pela plataforma digital ‘Football Leaks', são muitas a estrelas do futebol internacional que se esforçam por ocultar os seus rendimentos ao fisco.