O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai passar a disponibilizar os relatórios dos árbitros aos clubes, revelou hoje o Sporting, que salientou querer "ajudar a pacificar" o futebol português.
"Apresentámos formalmente as nossas propostas ao CA, que se comprometeu a dar-nos a possibilidade de termos, em breve, os relatórios dos árbitros em direto e, com isso, conseguirmos pacificar e credibilizar o futebol português", afirmou Bruno Mascarenhas, vogal do conselho diretivo dos 'leões', após a reunião que o CA da FPF teve com os clubes das ligas profissionais de futebol, na Cidade do Futebol, em Oeiras.
No final do encontro, que durou cerca de duas horas e meia e no qual não marcaram presença os presidentes de Benfica, Sporting, FC Porto e Sporting de Braga, o representante dos 'leões' anunciou que o CA espera colocar esta medida em prática "assim que possível".
"Queremos que os árbitros sejam defendidos, possam dar a sua versão dos factos e não fiquem dependentes de um conjunto de pessoas que anteriormente faziam as classificações. Foram abertos cerca de 200 processos de reavaliação de notas. Isso significa que, se calhar, as notas que os observadores dão não são aquilo que é o entendimento do CA", prosseguiu Bruno Mascarenhas.
O representante do Sporting reforçou ainda que, nesta reunião, foram formalmente apresentadas as propostas divulgadas recentemente pelo presidente 'leonino', Bruno de Carvalho, entre as quais a alteração completa do quadro de árbitros e observadores.
"O CA está com vontade de melhorar, mas tem um plantel de árbitros e observadores que vem da época passada e há pouco a fazer quanto a isso. Não colocamos em causa a honorabilidade das pessoas, mas foram nomeadas pelo anterior CA. O CA disse que conta com estas pessoas. Nós gostaríamos que fossem outros, novos, sem estes vícios", sublinhou.
Apesar das queixas sobre a arbitragem, Bruno Mascarenhas afirmou que o Sporting tem sido "contido" nas críticas.
"Se há coisa que temos sido é contidos. Temos sido apoiantes do atual CA e em prol da arbitragem e da defesa dos árbitros. Não temos interesse nenhum em que haja violência. Mas não queremos ser prejudicados", concluiu.
De resto, momentos antes, o presidente do Rio Ave, António Silva Campos, admitiu que o CA da FPF aproveitou o encontro para fazer um pedido aos clubes: "Efetivamente pediram mais contenção aos clubes."
O líder dos vila-condenses referiu que a reunião teve um caráter "mais informativo", na qual "o CA deu conhecimento aos clubes das suas iniciativas e algumas regras que estão a ser criadas".
Por seu lado, o presidente do Vitória de Guimarães, Júlio Mendes, destacou o facto de o CA ter esclarecido algumas medidas que pretende adotar.
"É importante que o CA consiga encontrar um modelo para comunicar aquilo que vai fazendo. É unânime que os árbitros não são máquinas, também cometem erros, mas as nomeações são feitas e os erros são cometidos. Se houver estas explicações, tudo fica mais facilitado", disse.
Da mesma forma, Álvaro Braga Júnior, presidente da SAD do Boavista, salientou a importância de alterar "muitos hábitos" implantados no futebol português e "não só na arbitragem".
"Há sempre quem ganha e quem perde, e isso será sempre uma condicionante em relação à arbitragem. Quando um árbitro comete um erro crasso, gritante, as pessoas depois não entendem que esses árbitros estejam já a arbitrar na jornada seguintes, até mesmo em alguns jogos mais mediáticos", adiantou o dirigente boavisteiro.
Dos 35 clubes que integram as duas ligas profissionais, apenas não marcaram presença na reunião o Nacional, da I Liga, Sporting da Covilhã, União da Madeira, Gil Vicente, Académico de Viseu e Vizela, todos da II Liga.
O Benfica fez-se representar por Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD, e Nuno Gomes, diretor do Caixa Futebol Campus, o FC Porto enviou João Pinto, adjunto do diretor para o futebol, e Jaime Teixeira, diretor de relações externas, enquanto o Sporting esteve representado por Bruno Mascarenhas, vogal do conselho diretivo, e João Lobão, assessor jurídico.