Cerca de dois milhares de adeptos receberam hoje o ‘pequenino’ Moreirense, novo detentor da Taça da Liga em futebol, apontando exatamente a "valentia" como receita para a vitória de domingo no Algarve.
Nas bancadas, lia-se numa faixa "Trabalho, Dedicação, História", uma filosofia repetida por adeptos, técnicos, jogadores e dirigentes, ao explicarem a conquista histórica do primeiro grande troféu do Moreirense.
"Estas coisas numa realidade como a nossa são mesmo milagres. Mas prova de que é possível criar condições para que os pequenos também possam crescer. Eles [clubes de maior dimensão] têm muitas coisas: receitas de TV, muitos sócios... Nós nem publicidade nas camisolas temos", disse o presidente do Moreirense, Vítor Magalhães.
Já o técnico que conduziu o Moreirense a esta conquista, Augusto Inácio, sintetizou a receita: "Trabalho, dedicação e um grande espirito de grupo. A confiança tem de estar sempre presente".
A taça que foi erguida vezes sem conta hoje, primeiro no centro de Guimarães, numa receção promovida pela câmara, e depois no Comendador Joaquim de Almeida Freitas, foi conseguida graças à grande penalidade convertida por Cauê aos 45+1 minutos de um jogo em que do outro lado do campo estava o favorito Sporting de Braga, vencedor do troféu em 2012/13.
Mas o médio brasileiro dos Cónegos recusa receber elogios e palmas isoladamente e alinha pelo diapasão dos dirigentes e técnicos sobre o foco do Moreirense ao descrever esta taça como "histórica" para um clube de uma vila pequena.
"Sou um dos responsáveis. Bato o penalti e converti. A sensação é a melhor possível porque apesar de sermos pequenos, sabemos do carinho dos adeptos com o clube e sabemos que estão felizes e que este título seria importante", disse à Lusa o jogador.
Entretanto Cátia Silva corre pelo relvado a gritar "campeões olé, olé", refere-se a Moreira de Cónegos e ao Moreirense como se fossem um só e através do diminutivo habitual: "Moreira".
"Somos pequeninos e nunca ninguém acredita sinceramente. E o Moreira teve grandes jogos pela frente. Apanhámos o FC Porto e o Benfica e calámos muita gente, surpreendemos. Se calhar, até calámos adeptos do Moreira. Isto foi um grande passo para o nosso clube", disse a adepta, de 17 anos.
Em frente, na tal bancada onde se lê "Trabalho, Dedicação, História" e onde Vítor Magalhães promete ofertas de bilhetes para o jogo de quinta-feira, com Feirense, da I Liga, está Júlio Cartuxo, que admite que "no princípio não acreditava", por isso é que "se calhar" está "tão feliz" com a conquista da Taça da Liga.
"Foi uma coisa inédita. Estou maravilhado. O segredo está no conjunto, sempre unidos, com fé, esperança, assim diz a letra do Moreirense", descreveu.
Cartuxo refere-se ao hino que é entoado por um cantor popular da cidade, Dino Freitas, acompanhado da filha. A letra diz que o verde da esperança pertence ao Moreirense e garante que este clube "nasceu pequenino, mas valente pelo bem e contra o mal". Continuando? "Ganhou asas, voou alto e foi em frente. Hoje é grande em Portugal".
O Moreirense é, a nível nacional, o quarto detentor da Taça da Liga. Para chegar à final derrotou, entre outros, o FC Porto na fase de grupos e o Benfica nas meias-finais.
Este é o sexto título do emblema de Moreira de Cónegos, que soma dois títulos de campeão da II Liga (temporadas 2013/14 e 2001/02) e três títulos no terceiro escalão, atual Campeonato de Portugal.