Ricardo Rocha, um dos primeiros futebolistas a jogar na defesa do Benfica com Luisão, em 2003, diz que existiram momentos em que podia jogar de “olhos fechados” com o central brasileiro, tal o entendimento que existia.
“Chegámos a uma altura que o nosso entendimento era total e até podíamos jogar de olhos fechados, que eu sabia o que ele poderia fazer e ele sabia o que eu poderia fazer”, lembrou Ricardo Rocha, em entrevista à agência Lusa.
O antigo jogador, já retirado do futebol, foi um dos que integravam o plantel de 2003/04 quando Luisão chegou ao Benfica, numa defesa que contava também com os centrais Argel e Hélder Cristóvão, dificultando as escolhas do técnico Camacho.
Desse tempo, Ricardo Rocha recorda de imediato a personalidade de Luisão, aos 22 anos, que o tornaram, em 14 épocas de Benfica, um líder, junto dos companheiros, no clube e diante dos adeptos, muito devido à força demonstrada.
“Desde cedo se notou essa garra, essa força, essa vontade dele de triunfar, de querer conquistar títulos e de ganhar”, assinalou Ricardo Rocha, que se manteria no Benfica até janeiro de 2007, antes de assinar pelos ingleses do Tottenham.
No clube ‘encarnado’, Ricardo Rocha conquistaria o seu único título de campeão em Portugal, em 2004/05, sob a orientação do italiano Giovanni Trapattoni e com o companheiro Luisão a ser peça-chave num troféu que escapava há muito.
“Foi algo extraordinário, tínhamos que vencer o jogo obrigatoriamente”, lembrou o ex-jogador.
O central não esquece esse jogo fundamental para o Benfica reconquistar o título de campeão, que lhe escapava há 11 anos, o dérbi com o Sporting, no Estádio da Luz, em que Luisão subiu às alturas para ‘tirar’ a bola das mãos do guarda-redes Ricardo.
“Esse jogo ficará nas nossas memórias para sempre e o Luisão teve um papel preponderante nessa vitória, acabando por fazer o golo”, assinalou, salientando a importância de ter sido com o Sporting (1-0) e nos instantes finais do encontro.
Com Luisão quase a completar 500 jogos pelo Benfica – apenas atrás de Nené (575), Veloso (538) e Coluna (525) -, o também ex-jogador do Sporting de Braga não se diz surpreendido, assumindo que sempre “foi um jogador preponderante”.
“Conforme foram aparecendo propostas, e eram sempre do conhecimento público essas mesmas propostas, ele foi ficando, a cada época que passava era um jogador muito preponderante, importante na equipa, em toda a estrutura do Benfica”, frisou.
A liderança do ‘capitão’, por vezes designado de ‘girafa’, face aos seus 1,92 metros, foi também importante para os jogadores que iam chegando ao clube e àquilo que Ricardo Rocha entende como uma mensagem de Luisão aos outros.
“Há aqueles jogadores que têm aquela garra e aquela força natural, essa faceta de líder, essa faceta de capitão, que ele já tem há muitos anos no Benfica, aquele incentivo, às vezes é preciso empurrar certos jogadores para atingirem os níveis que nós sabemos que eles têm, mas que demoram algum tempo, e às vezes, nos momentos difíceis, é preciso agarrar e unir toda a gente e é isso que eu acho que o Luisão representa muito no Benfica”, referiu o ex-central.
Em relação ao futuro, Ricardo Rocha entende que o ex-companheiro, que completa hoje 36 anos, poderá continuar a vestir a camisola ‘encarnada’ e, possivelmente, bater recordes, “se mantiver o nível” que tem demonstrado na primeira parte da época, mesmo com concorrentes de qualidade, como são Lisandro López ou Jardel.
Ricardo Rocha diz também não acreditar que Luisão reúna preferências do treinador Rui Vitória por ser a referência que é e que se joga “é porque merece jogar”.
“Isso o Luisão tem feito a cada jogo que passa, justificar que merece ser titular. Tem estado muito bem”, remata.