O presidente da Comissão de Arbitragem (CA) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Vítor Pereira, traçou hoje um balanço ''globalmente positivo'' da actuação dos árbitros.
Dos 432 jogos realizados, e quando faltam processar os últimos 16 da Liga e da Liga de Honra, nove foram considerados ''muito bons'', 372 de ''bom nível'', 21 ''abaixo das expectativas'' e 14 ''com erros com influência no resultado''.
''É um balanço francamente positivo e a actuação das equipas de arbitragem tem sido de acordo com as exigências das competições'', referiu Vítor Pereira, que destacou o êxito na luta contra o jogo violento.
O aumento do tempo útil de jogo com os árbitros a não serem ''tão miudinhos'' e a deixarem ''fluir as partidas'' foi outro dos exemplos apontados por Vítor Pereira como esforços que têm sido feitos pelos juízes.
Vítor Pereira reconhece que tem havido ''menos lances violentos'', com a ''diminuição de cotoveladas e entradas duras, devido à indicação para serem punidas com cartão vermelho'', mas mesmo assim ainda é uma área a merecer ''preocupação''.
O dirigente referiu-se aos 77 árbitros do quadro como a sua equipa que todas as jornadas também joga e está sujeita a 16 resultados possíveis, ao contrário dos clubes que se sujeitam a três (vitória, empate e derrota).
''O ideal é obter 16 vitórias por jornada, com actuações muito boas dos árbitros em todo os jogos da Liga e Honra, mas isso é praticamente impossível, pelo que alcançar 14 já é um bom resultado'', referiu.
Os jogos, ainda de acordo com Vítor Pereira, ''são disputados com muita intensidade, competitividade, geram ambientes tensos, devido ás lutas que envolvem, titulo, Europa e despromoção, e os árbitros não tem televisão''.
O recurso à gravação dos jogos para analisar o trabalho dos árbitros, com implicações directas nas classificações, é uma hipótese em aberto por Vítor Pereira, ''desde que cumpra os requisitos de equidade e paridade''.
''Tal só será possível se estiverem reunidas condições idênticas ás dos jogos transmitidos em todos os outros encontros'', referiu Vítor Pereira, que abordou ainda os critérios da CA na nomeação de árbitros.
Vítor Pereira afirmou ainda que o organismo que preside ''não é pressionável'', nem tem ''fontes próximas ou fidedignas'', referindo-se em tom crítico a informação que vem o público como sendo proveniente do CA.
A nomeação dos árbitros, ainda de acordo com Vítor Pereira, está dependente de critérios regulamentares, físicos, psíquicos, técnicos e do entendimento de qual dos árbitros está em melhor forma para um bom desempenho.
''No entanto, há constrangimentos vários em todo o processo das nomeações, quer formais quer legais'', referiu Vítor Pereira, como é o caso de um árbitro não poder dirigir quatro vezes seguidas no mesmo campeonato.
O dirigente defende a extinção desta regra, que ''talvez para a próxima época já não esteja em vigor'', comparando à situação de um treinador não pode contar na equipa com o mesmo jogador no quinto jogo.
Há ainda o problema das lesões, que provocam situações como a caso da jornada passada, em que a CA não pôde contar com cinco dos juízes internacionais, o que reduziu a apenas 60 por cento o Grupo A, que integra os árbitros de nível mais elevado.
A incongruência das notas dos árbitros, entre as dadas pelos observadores e comunicação social, foi outro dos aspectos focados por Vítor Pereira, que esclareceu a diferente visão da ''parte técnica e do senso comum''.
Nesta área, Vítor Pereira anunciou a reformulação dos actuais relatórios, embora reconheça não existir ''um modelo perfeito'', de forma a ser ''mais objectivo e preciso, reduzindo-lhe a subjectividade do observador''.
Para as derradeiras jornadas que faltam para os campeonatos da Liga e Honra, o dirigente pede aos seus árbitros o mesmo que os treinadores, ou seja, ''ganhem todos os jogos, sejam campeões e estejam ao melhor nível''.
LUSA