Segundo informou o juiz presidente do coletivo, o julgamento dos 54 arguidos da 'Operação Fénix', que arrancou hoje em Guimarães, conta com um total de 45 audiências marcadas, até ao dia 01 de Setembro de 2017.
Dezenas de agentes da PSP e do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais foram destacados para o julgamento, que foi marcado para o quartel dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, face à inexistência de uma sala na Comarca de Braga com capacidade para acolher tanta gente, entre arguidos, advogados e testemunhas.
O primeiro a ser ouvido foi o presidente do FC Porto, Nuno Pinto da Costa, que está acusado de sete crimes de exercício ilícito da atividade de segurança privada, por alegadamente ter contratado serviços de acompanhamento e de proteção pessoal a uma empresa que sabia não dispor de alvará para o efeito.
Uma acusação negada pelo presidente azul e branco, que assegurou nunca ter tido 'guarda-costas' e que anda sozinho 'em todo o lado, sem segurança'.
Pinto da Costa acabou por ser o único arguido ouvido durante a manhã, prosseguindo o julgamento à tarde.
Outro arguido é o antigo administrador da SAD portista, Antero Henrique, que hoje de manhã não compareceu, por indisposição. O advogado adiantou que Antero Henrique já estará presente na sessão da tarde.
A 'Operação Fénix' é um processo relacionado com a utilização ilegal de seguranças privados.
Os arguidos respondem por crimes de associação criminosa, exercício ilícito da atividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte, tráfico, posse de arma proibida e favorecimento pessoal.
A lista de arguidos integra a empresa SPDE - Segurança Privada e Vigilância em Eventos, acusada de um crime de associação criminosa e outro de exercício ilícito de atividade de segurança privada.
O sócio-gerente da SPDE, Eduardo Jorge Lopes Santos Silva, responde por aqueles dois crimes e ainda por detenção de arma proibida.
A acusação sustenta que este arguido seria o líder de um grupo que se dedicava à prática de atividades ilícitas relacionadas com o exercício de segurança privada.
Eduardo Silva está indiciado de, a coberto da atuação legal da sociedade SPDE, ter montado uma estrutura que, com recurso à força e à intimidação, lhe permitiu dominar a prestação de serviços de segurança em estabelecimentos de diversão noturna em vários pontos do país.
Para a acusação, ficou indiciado que este grupo se dedicava às chamadas "cobranças difíceis", exigindo, através da violência física e/ou de ameaças, o pagamento de alegadas dívidas.
Eduardo Silva foi outro dos arguidos que manifestou intenção de prestar declarações no julgamento.
Um dos arguidos está acusado de ter agredido um jovem à porta de uma discoteca em Riba de Ave, Famalicão, em março de 2015.
O jovem viria a morrer cinco dias depois, no hospital.
O facto de este ser o mais grave dos crimes em causa esteve na base de o julgamento se realizar na Comarca de Braga, concretamente em Guimarães.