O ortopedista Pedro Magro, clínico da Federação Portuguesa de Futebol e antigo médico do Benfica, considerou hoje que ''nenhum ortopedista poria um atleta a treinar caso existisse a suspeita de uma lesão meniscal'', como aconteceu com Simão Sabrosa.
Em declarações à Agência Lusa, Pedro Magro explicou a diferença entre detectar uma tendinite e uma lesão no menisco, em referência à lesão que levou Simão Sabrosa à mesa de operações, para fazer uma artroscopia no joelho esquerdo.
De acordo com o médico ortopedista das selecções jovens, uma lesão no menisco não é passível de tratamentos conservadores e muito menos de esforço físico, algo a que o capitão do Benfica foi sujeito na semana que antecedeu o ''derby'' com o Sporting.
''Se forçamos o atleta a treinar o derrame aumenta, existem mais fluidos. Por isso, a lesão meniscal implica uma paragem, ao contrário da tendinite'', disse Pedro Magro, contrariando a ideia de um tratamento conservador numa lesão meniscal.
Inicialmente o Benfica diagnosticou uma tendinite a Simão Sabrosa, no dia em que antecedeu a deslocação dos ''encarnados'' à Madeira, onde venceram o Marítimo (0-3), a 21 de Abril, e a partir daí o capitão benfiquista iniciou tratamentos, até voltar ao relvado.
Na semana seguinte Simão fez exercícios com bola e treinou condicionado sob o olhar do enfermeiro Rodolfo Moura, durante três dias, e na quinta-feira, a poucos dias do jogo com o Sporting, treinou já sem limitações.
Uma situação que Pedro Magro disse não saber explicar, reforçando que ''o menisco não tem capacidade de cicatrização conservadora'' e que por isso seria sempre necessário uma paragem e a cirurgia.
O médico da FPF sublinhou ainda que ''uma boa observação clínica'' é a primeira triagem na detecção de uma lesão meniscal e que a ressonância magnética surge numa segunda fase, como um exame complementar, com mais de 90 por cento de eficácia.
''Há testes clínicos, exames ortopédicos, rotações que são feitas e desencadeiam dor. A ressonância é um exame complementar'', explicou, acrescentando que há três épocas, quando Jose António Camacho treinava o Benfica, teve um caso de lesão meniscal com Petit.
Na ocasião, Pedro Magro encontrava-se no departamento do Benfica e depois de ter sido detectada uma ''pequena lesão meniscal a Petit'' o jogador realizou de imediato uma artroscopia e ainda recuperou a tempo de defrontar o Sporting.
Ao longo da época o Benfica não tem podido contar em momentos chave com alguns dos seus jogadores mais influentes, devido a lesão, como foram os casos de Rui Costa e Miccoli, a partir de Março de Luisão, e mais recentemente de Simão e agora Nuno Gomes.
Opinião um pouco diferente de Pedro Magro tem Rui Miller, Clínico Geral e Director do Departamento Médico do Belenenses, que considera que uma lesão meniscal pode ''não implicar cirurgia'' e até permitir ao atleta fazer treino.
''Tem que se quantificar a lesão, pode não implicar cirurgia.
Tem que se quantificar e analisar'', disse à Lusa o médico dos ''azuis'' do Restelo, considerando que existe uma série de possibilidades quando a questão é o joelho.
Rui Miller quis deixar claro que podem existir coisas muito ligeiras e ser difícil diagnosticar, numa área tão complexa quanto a de um joelho, sendo, por isso, imperativo uma boa observação e, se necessário, o complemento de uma ressonância.
''De facto o mais importante é o exame clínico, o complemento é uma ajuda e a ressonância é um exame de excelência'' adiantou, frisando não saber o que se passou com Simão Sabrosa, mas admitindo que ''às vezes, os sinais confundem-se''.
Num aspecto Rui Miller foi, no entanto, peremptório, afirmando que a dor é sempre um sinal de alerta e se persistir, mesmo após os tratamentos conservadores, é possível um agravamento da situação se o atleta realizar treino.
''A dor é um sinal de alerta, se fizer tratamento e continuar a doer. Com os treinos pode existir um agravamento da situação quando há dor, quando o atleta se queixa'', concluiu o clínico.
A Agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto do departamento clínico do Benfica, mas, depois de um primeiro contacto adiado, tanto com o enfermeiro Rodolfo Moura, como com o médico António Barata, os responsáveis estiveram incontactáveis.
LUSA