Um tribunal de Oeiras condenou pela primeira vez um futebolista a prisão efetiva por agressão a um árbitro, anunciou hoje a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), cujo presidente espera que a sanção tenha um efeito dissuasor.
“Espero que esta decisão judicial sirva de dissuasão para o futuro. Nunca tinha acontecido uma pena efetiva para um futebolista, apenas a aplicação de multas, penas suspensas ou pequenas indemnizações por agressões a árbitros", disse hoje o presidente da APAF, Luciano Gonçalves, à Agência Lusa.
A agressão em causa ocorreu num jogo de seniores de futsal, do campeonato da associação de Lisboa, mas Luciano Gonçalves não quis revelar quais as equipas envolvidas.
Se foi a primeira vez que um futebolista foi condenado a pena efetiva, o mesmo já não se pode dizer em relação a adeptos, como recordou Luciano Gonçalves, aludindo a uma condenação em 2016 de três adeptos que agrediram um árbitro no Porto, num jogo dos campeonatos amadores.
“Os árbitros não se sentem seguros e, provavelmente, muitas vezes, a verdade desportiva é posta em causa por causa do clima de intimidação que existe a nível do futebol distrital e regional”, referiu Luciano Gonçalves, lembrando que “é muito frequente” não haver policiamento nos jogos.
Até 2012, o policiamento era obrigatório em todos os jogos, mas a partir dessa data, por decisão governamental, deixou de o ser, e apenas alguns jogos são policiados, por solicitação das associações distritais segundo critérios que variam de umas para outras.
Segundo Luciano Gonçalves, a APAF está a tentar junto do Governo que o policiamento volte a ser obrigatório em todos os jogos: “Acreditamos que esta situação vai ser revertida. Basta que haja boa vontade política. Mas, acima de tudo, desejamos que haja uma mudança de mentalidade dos espetadores”.