O ex-treinador Manuel José revelou hoje que chegou a ter "vergonha de andar no futebol" e considerou que a modalidade se está a tornar numa "coisa feia", apontando nomeadamente às pressões feitas sobre os árbitros.
À margem de uma homenagem feita no 20.º aniversário do Núcleo de Treinadores de Futebol de Aveiro, o agora comentador desportivo desferiu algumas acusações e mostrou-se preocupado com o atual estado do futebol português.
"Vale tudo para se conseguir ganhar. Principalmente para ser campeão, tudo serve. Esta história dos árbitros é uma coisa impensável e, se eu fosse árbitro, nunca mais apitava. Agora que faltam 10 jornadas deviam fazer greve e não haver ninguém a dirigir os jogos. Porque a pressão que fazem sobre os árbitros para tirarem vantagem quando estes dirigem os jogos deles e dos adversários é uma coisa absolutamente indecente", condenou o ex-técnico de 70 anos.
O segundo treinador português com mais títulos, incluindo oito troféus continentais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça portuguesa, acusou ainda as autoridades responsáveis pela modalidade de não protegerem os árbitros.
"Hoje só se fala em arbitragem. É uma forma de pressão escandalosa, vergonhosa e ninguém mexe um dedo. As agressões, invasões e ameaças aos árbitros... o que é que a Justiça portuguesa, a Federação Portuguesa de Futebol e a Ligar fazem? Zero! Empurram a barriga ou assobiam para o lado. Ninguém mexe uma palha para absolutamente nada", concluiu.