Bruno de Carvalho defendeu hoje que ninguém, nem mesmo a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), pode retirar-lhe o direito de representar o Sporting, e negou ter cometido qualquer infração para ser suspenso 113 dias.
“Deram-me 113 dias. Há de aparecer seja quem for que me retire o direito daquilo que os adeptos do Sporting me deram. Isso está fora de questão [não representar publicamente o Sporting]. 90% dos sócios elegem-me e não é órgão nenhum da FPF que decide que não posso ser presidente”, disse Bruno de Carvalho, em entrevista à TVI.
O presidente do Sporting, que salientou não ter cometido infração nenhuma, lembrou que o seu castigo é o maior imposto a um presidente de um clube desde o 'Apito Dourado'.
“Demonstra o estado a que chegámos. Ser eu a levar o maior castigo demonstra que tenho razão de dizer as coisas que digo”, argumentou.
O máximo responsável 'leonino' considerou inaudito que o conselho de disciplina (CD) da FPF tenha optado por analisar as suas declarações como um todo e não individualmente.
“Eu sou punido por três infrações autónomas, mas o acórdão dispensa-se de analisá-las individualmente. O que fizeram é analisar como um todo. Isto deve ser inaudito. Uma coisa é apreciar o que foi dito no caso 1, 2 e 3, outra é apreciar o conjunto, sem analisar especificamente”, reforçou.
De acordo com Bruno de Carvalho, o Sporting quis juntar várias vezes ao processo vídeos com as suas declarações, mas a sua pretensão nunca foi aceite.
“Explicámos cada uma das coisas, dizendo o que foi dito. [Fui castigado] por notícias de jornal, não quiseram ouvir os vídeos. O que fazem é que uma análise minha opinativa de uma pessoa, no caso Vítor Pereira, se transforme numa análise à classe inteira”, acrescentou, indicando que o antigo presidente do conselho de arbitragem “não fez bem nenhum ao futebol”.
O presidente do Sporting foi suspenso pelo conselho de disciplina (CD) da Federação Portuguesa de futebol por 113 dias, enquanto o diretor-geral ‘leonino’, Octávio Machado, foi punido com 75.
Em causa uma queixa apresentada pelo Benfica em novembro de 2015 e que o CD agora decidiu, por unanimidade, considerando que Bruno de Carvalho cometeu três infrações de lesão de honra e reputação, enquanto Octávio Machado o fez em duas ocasiões, em declarações publicadas em vários órgãos de comunicações e em redes sociais.
Paralelamente, o presidente ‘leonino’ foi condenado a pagar 2.869 euros de multa, enquanto o diretor-geral desembolsará 1.913 euros.
O acórdão refere que Bruno de Carvalho e Octávio Machado afirmaram ou insinuam que o então presidente conselho de arbitragem incorreu intencionalmente em ação parcial de favorecimento de um clube em detrimento de outro.
“Os jogos não se jogam dentro das quatro linhas” e “Vítor Pereira já ultrapassou todos os limites do ridículo” foram algumas das frases usadas por Bruno de Carvalho.
Já Octávio Machado disse, entre outras coisas, que “Jorge Sousa apitou dois jogos do Benfica e o Benfica perdeu os dois”, pelo que “foi afastado por não dar 100 por cento de garantias ao Benfica”.
A reincidência e acumulação de infrações foram tidas em conta no ajuizar da moldura penal.
Em comunicado emitido após as queixas, o Benfica informou que nas suas participações constavam comportamentos que se enquadram na prática de ilícitos disciplinares muito graves e/ou graves, tais como, entre outros, “exercício e abuso de influência”, “coação sobre árbitros", “declarações sobre arbitragem antes dos jogos”, “declarações sobre a organização das competições” e “lesão da honra e da reputação dos órgãos da estrutura desportiva e dos seus membros, árbitros e demais agentes”.