Filho do histórico antigo internacional português José Águas, Rui Águas brilhou também em nome próprio no futebol em Portugal e na história dos dérbis, com uma participação em 14 duelos pelo Benfica frente ao Sporting.
Os números de ‘águia’ ao peito têm o seu peso na memória do antigo avançado, mas este não esquece as conversas com o seu progenitor, num tempo em que "as rivalidades nasciam desde crianças" e o fair-play e a convivência saudável entre jogadores eram um imperativo dentro e fora da competição.
"O que o meu pai me contava - e que é um bom exemplo para hoje e para o que se vai passando - é que havia muita convivência entre os jogadores dos clubes. Lembro-me de que ele tinha um rival muito duro em campo, o Passos, que era central do Sporting, e eram muito amigos fora de campo", contou à Lusa o antigo avançado dos ‘encarnados’.
Destas conversas, Rui Águas assegura mesmo que a recordação mais duradoura não passava pelos resultados, sim pela diferença no convívio que era possível entre adversários: "Uma rivalidade é muito mais vivida pelos jogadores quando eles nascem nesse país. Nesse tempo, a esmagadora maioria dos jogadores era portuguesa e, por isso, tinha um significado acrescido".
Já a nível individual, a última impressão foi mesmo a mais forte para Rui Águas, que não esquece os 6-3 alcançados pelo Benfica em pleno Estádio José Alvalade, em termos coletivos, e os triunfos por 4-1 e 5-0.
"Esse é dos dérbis mais especiais. Em termos da minha prestação, talvez um 4-1 no Estádio da Luz, em que marquei dois golos, ou um 5-0 em casa, para a Taça de Portugal, em que marquei um golo muito bom. Mas também tive alguns pesadelos: estive nos 7-1 e também num jogo em que perdemos em casa e acabámos por perder o campeonato para o FC Porto", observa.
Para o ex-internacional português, o presente é agora outro, e o Benfica parte na liderança, com 71 pontos, mais três do que FC Porto e mais oito do que o Sporting. Por consequência, aponta um maior risco para as pretensões dos ‘encarnados’.
"As duas equipas têm a perder, mas o Benfica tem mais a perder, não há dúvida. O Benfica joga para ser campeão e o Sporting joga para dar uma satisfação aos seus adeptos. A importância do resultado, no caso de uma vitória do Benfica, é grande. Penso que poderá quase resolver a questão do campeonato. No caso de derrota, aí põe-se a questão do título em aberto", remata.
O Sporting, terceiro classificado, com 63 pontos, recebe o Benfica, líder do campeonato, com 71, a partir das 20:30 se sábado, em jogo da 30.ª jornada da I Liga, marcado para o Estádio José Alvalade.