O FC Porto comemora sábado 30 anos sobre a conquista do primeiro título europeu de futebol, um marco relembrado à Agência Lusa por Juary, um dos obreiros da vitória sobre o Bayern Munique (2-1) na final de Viena.
A 27 de maio de 1987, no Estádio do Prater completamente cheio - maioritariamente de alemães -, o FC Porto ia defrontar a ‘superpotência' Bayern Munique com esperanças reduzidas, mas acabaria por conquista o título europeu.
“Lembro-me que quando estávamos no hotel à espera do jogo víamos na televisão toda a gente a falar do Bayern e a atribuir-lhes o favoritismo. Apesar de sabermos que isso era verdade, entranhou-se em nós uma raiva que acabou por aumentar a nossa vontade de ganhar”, começou a explicar o brasileiro Juary, o jogador que acabou por ser decisivo na conquista do título europeu.
Frasco, que, de igual modo, fez parte da equipa que trouxe para Portugal o troféu, também lembra bem os momentos que antecederam o jogo.
“Havia muita ansiedade, mas, ao mesmo tempo, a esperança de que na final tudo pudesse acontecer. E quando chegámos ao estádio, percebemos que, de facto, o Bayern era apoiado por imensa gente, e todos confiantes que íamos perder, e que nos iam dar quatro ou cinco. E, nessa altura, dissemos uns para os outros ‘no fim é que se vê quem vai ganhar'”, lembrou à Lusa.
Depois de uma primeira parte complicada, em que o golo de Kögl, aos 24 minutos, ‘anestesiou’ a esperança portista de alcançar o triunfo europeu, a reação dos ‘dragões' acabou por ser impressionante e quase impensável.
Juary saltou do banco ao intervalo para substituir Quim e essa alteração levada a cabo pelo técnico Artur Jorge acabou por ser decisiva para o resultado final.
O brasileiro fez o passe para o inesquecível golo de calcanhar de Madjer, aos 77 minutos, que empatou a partida, e fez o golo da vitória, dois minutos depois.
“Lembro-me como se fosse hoje. Mas, na altura, por exemplo, no golo do Madjer, não tive a perceção do que ele tinha feito. Só percebi que foi golo. Foi tudo muito rápido. Nesse momento, sentimos que podíamos dar a volta e conquistar o título. E, com grande humildade, que penso que foi o que fez a diferença, acabámos por marcar o segundo", relatou Juary, que lembra ainda que no final do encontro "só queria sair dali para festejar com os adeptos".
Para Frasco, a altura decisiva deste encontro aconteceu ao intervalo, tendo Artur Jorge um papel fundamental na reviravolta.
"Não entrámos bem no jogo, começámos a perder. Mas, a equipa sempre acreditou. No intervalo, o Artur Jorge teve uma intervenção determinante no fator psicológico da equipa. Conseguiu motivar a equipa para aquilo que veio depois a acontecer, que foi um sonho que conseguimos alcançar", lembrou.
A perceção do que havia sido conquistado só chegou, finalmente, quando já estavam no avião e quando conseguiram pegar na taça.
“No final do jogo, lembro que o João Pinto agarrou na taça e nunca mais a largou. Correu de uma ponta à outra do relvado agarrado à taça. Foi uma loucura. Já no avião, com a taça nos braços, acho que caiu a ficha. E chorei”, disse Juary, emocionado.
Na memória, tem ainda a chegada, já de madrugada, à cidade do Porto e a festa até ao amanhecer com os adeptos do FC Porto no ‘velho' Estádio das Antas.
“Este foi um dos melhores momentos da minha carreira. Foi inesquecível e, de certa forma, inexplicável. O que senti foi muito forte. E partilhar isso com os adeptos foi mágico. Estivemos a festejar até de manhã”, lembrou, saudoso.