As propostas do International Football Association Board (IFAB) avançadas esta semana para tornar o futebol mais transparente e justo são encaradas com satisfação pelo treinador Daúto Faquirá, sobretudo na defesa do tempo útil de jogo.
Em declarações à agência Lusa, o técnico luso-moçambicano, de 51 anos, assinala que o "futebol andou muitos anos a resistir à evolução de algumas leis", lembrando o caráter de verdadeira "indústria" que a modalidade adquiriu nas últimas décadas.
Entre as principais ideias do IFAB estão: redução do tempo de jogo de 90 para 60 minutos úteis, com paragens do cronómetro nas interrupções; atribuição de golo sempre que a bola for desviada indevidamente com a mão sobre a linha de baliza, em vez de grande penalidade; fim das recargas nos penáltis ou expulsar um jogador que marque golo deliberadamente com a mão.
"Tem de haver um estudo muito profundo. No entanto, em relação ao tempo de jogo, creio que é fundamental. É uma ideia que pode e será benéfica de certeza absoluta", defende o antigo técnico dos angolanos do 1.º de Agosto, acrescentando: "Sou a favor de tudo o que for para promover o espetáculo e penalizar o antijogo."
Sobre esta matéria, Daúto Faquirá vai mesmo mais longe e lança outra sugestão, no sentido de se não perder tempo com as substituições. Para o treinador luso-moçambicano, a interrupção de jogo seria já desnecessária com um maior auxílio do quarto árbitro neste aspeto.
"Não entendo como é que num jogo uma substituição ocorra e por vezes se perca dois ou três minutos. Há um quarto árbitro, porque é que se tem de parar para a substituição? Quebra o ritmo da partida e depois, na contabilização final dos descontos, não se dá o tempo verdadeiro em relação às contingências do jogo", refere.
Já sobre as outras ideias, nomeadamente a validação de um golo quando a bola não passa a linha de baliza pela ação faltosa de um jogador ao jogar com a mão, Daúto Faquirá assume que tal possa "desvirtuar o jogo" e questiona os reais efeitos positivos da medida, enquanto deixa um alerta para a introdução dessas mudanças.
"As coisas devem ser feitas de forma gradual, paulatinamente, com ensaios, e não se pode introduzir também várias alterações em simultâneo que possam desvirtuar a essência do futebol", finaliza.