O espanhol José António Camacho deve regressar terça-feira ao comando técnico do Benfica para substituir Fernando Santos, três anos após ter levado os “encarnados” à conquista da Taça de Portugal de futebol.
Camacho personifica a história do “desejado” entre os adeptos benfiquistas e o seu nome aparece sempre no topo da lista quando o cargo de treinador está em equação, tendo mesmo sido primeira escolha no defeso da última época, antes de Fernando Santos aceitar o lugar.
A razão para esta admiração é simples: em 29 de Novembro de 2002, o espanhol substituiu Jesualdo Ferreira, depois de um começo tortuoso de temporada, e em dois anos conseguiu levar o Benfica ao segundo posto do campeonato e à conquista da Taça de Portugal.
No final da temporada de 2003/04, depois de meses muito complicados para Carlos Queiroz no comando técnico dos “merengues”, Camacho é novamente chamado para render um treinador português e assina um contrato de dois anos com o Real Madrid.
Contudo, nem a profunda ligação emocional com o clube mais carismático de Madrid chegou para o segurar no cargo, com o divórcio a ser decretado apenas 22 dias após o enlace, após profundas divergências sobre a “galáctica” gestão do clube da capital.
A derrota com o Bayer Leverkusen, por 3-0, para a Liga dos Campeões, seguido de novo desaire com o Espanhol, quatro dias depois, ditaram a sua demissão, sendo rendido pelo adjunto Mariano Garcia Remón.
Firme, determinado, directo e sincero com os jogadores, o seu estilo granjeou também a admiração dos adeptos “encarnados”, que encararam com tristeza o fim do “casamento” com este espanhol de Múrcia.
José António Camacho nasceu a 08 de Junho de 1955 em Cieza (Múrcia) e a sua história de jogador cumpre-se por exclusivo nas fileiras do Real Madrid e com a camisola da selecção espanhola.
A ligação com o Real Madrid inicia-se aos 18 anos, como defesa esquerdo, mantendo-se entre 1973 e 1989, tendo jogado 400 encontros da liga espanhola no “onze” dos “merengues”, apesar de uma grave lesão num joelho que o afastou dos relvados por dois anos.
Ao serviço da Espanha foi 81 vezes internacional, tendo alinhado nos Mundiais de 1982 e 1986 e nos Europeus de 19845 e 1988.
Após a sua retirada como jogador, em 1989, continuou ligado ao Real Madrid na equipa técnica, tendo ainda orientado mais dois clubes espanhóis, o Rayo Vallecano e o RCD Espanhol, que conseguiu levar até ao principal escalão do futebol espanhol.
Em Setembro de 1998, Camacho chega ao comando da selecção espanhol, rendendo Javier Clemente, após a humilhante derrota frente ao Chipre, por 3-2, na qualificação para o Euro2000.
Camacho conseguiu o apuramento e chegou aos quartos-de-final, apenas sendo eliminado pela França, 2-1, antes dos gauleses terem conquistado o título Europeu e depois o Mundial, em 2002.
A federação espanhola apostou na sua continuação, mas a ligação acabaria no Mundial de 2002, quando os espanhóis foram eliminados pelos anfitriões da Coreia do Sul nas grandes-penalidades, num encontro com arbitragem bastante polémica.
Os benfiquistas agradeceram pois Camacho chegou pouco depois a Lisboa para assinar pelos “encarnados” e iniciar um romance cujo segundo capítulo está prestes a iniciar-se.
LUSA