O regresso do treinador espanhol Jose António Camacho ao Benfica, três anos depois, motivou hoje a maior enchente do centro de treinos e formação do Seixal, rivalizando com os “clássicos” do futebol júnior.
Cerca de 4.000 adeptos e sócios “encarnados” coloriram a bancada do campo principal do complexo, um morro, num dos topos do terreno de jogo, e a área circundante do “quartel-general” das “águias”, repleta de viaturas, incluindo uma caravana de venda ambulante de “comes e bebes”.
Quatro anos e oito meses após o primeiro treino ao comando do Benfica, em Dezembro de 2002, Camacho pisou hoje a relva à frente do grupo de trabalho, recebendo de pronto uma ovação de pé dos milhares que trocaram uma tarde de praia para ver o técnico “desejado”, um dia após a dispensa de Fernando Santos.
“No mês de Agosto e não se tratando de um jogo de futebol dos juniores, com o FC Porto ou o Sporting, é a maior enchente. Nem na inauguração foi assim”, confirmou à Agência Lusa o director de operações do Estádio da Luz e do complexo do Seixal, Jitesse Arquissandas.
Aos gritos “Benfica, Benfica, Benfica”, seguiu-se o nome do treinador que nasceu em Cieza, Múrcia, há 52 anos, o qual cumprimentou então, em conjunto com os jogadores, os adeptos presentes - muitas famílias e bebés de colo incluídos -, que mostraram uma faixa: “Camacho, és o patrão do êxito”.
Em época e meia, entre 2002 e 2004, Camacho obteve 47 vitórias e 14 empates, sofrendo 14 derrotas, num total de 71 partidas, no campeonato, Taça de Portugal e competições europeias, terminando a sua segunda campanha a repetir o segundo lugar na Liga e conquistando a Taça de Portugal, frente ao rival FC Porto.
O antigo internacional espanhol e figura do Real Madrid na década de 1980, passou pelo Rayo Vallecano, Espanyol, Sevilha, Real Madrid e pela selecção “roja” antes de experimentar a primeira aventura portuguesa.
Em 2004, pouco mais de um mês de volta aos “merengues” foi suficiente para o técnico espanhol perceber que a política “galáctica” do presidente Florentino Perez não encaixava na sua “filosofia futebolística”.
Antes da chegada da nova equipa técnica e dos “craques”, algumas dezenas de adeptos mais eufóricos protagonizaram mesmo uma mini-invasão, com os ânimos a exaltarem-se e os seguranças do recinto a intervirem, entre muitas reclamações, justificadas pela condição de sócio ou pela viagem “do Algarve” ou “da França” para ali estar.
A sessão começou com alongamentos, enquanto os brasileiros Luisão e Léo, o argentino Di Maria e o costa-marfinense Zoro se limitaram a leves corridas e retiradas antecipadas, diminuindo o lote de disponíveis para 20, já que Nuno Gomes, Quim e o grego Katsouranis estão ao serviço das respectivas selecções.
Num treino de cerca de hora e meia que o presidente Luís Filipe Vieira espreitou por momentos, de longe, Camacho insistiu em exercícios de finalização, antes da simulação de jogo propriamente dita, visando a segunda ronda da Liga portuguesa, sábado, numa recepção ao Vitória de Guimarães.
O argentino Bergessio foi o autor do único golo da partida de 10 para 10 elementos, na qual as equipas foram formadas com um misto de jogadores titulares e outros, até agora, suplentes.
LUSA