O ex-capitão do Sporting Beto, actualmente em Espanha ao serviço do Recreativo de Huelva, sente que ainda podia ser útil aos “leões”, mas afasta a possibilidade de regressar ao futebol português.
“Já pensei mais [em regressar], não penso neste momento. Não é uma prioridade, mas não digo que não gostaria”, disse o defesa central, em declarações à Agência Lusa.
O jogador, que representou Portugal no Mundial2002, afirmou sentir que, aos 31 anos, ainda podia ser útil ao Sporting, mas admitiu que não se iria “identificar com algumas situações” e apelou à assunção de responsabilidades pelas decisões tomadas no comando do clube.
“Quem as tomou vai ter de assumir as responsabilidades. Obviamente que, quem as tomou, fê-lo com a ideia de que estaria a fazer o melhor para o clube. Se calhar não as tomou com a total consciência”, frisou, à margem da reabertura de uma discoteca em Rio Maior, onde pretende “ajudar no projecto de um amigo de infância”.
Beto tem esperança de que, “com dois ou três bons resultados seguidos”, a equipa do Sporting “ganhará mais confiança”, o que “será benéfico para todos os jogadores”.
Depois de 17 anos de verde-e-branco, nove dos quais como profissional, Beto reafirmou-se “sportinguista” e sócio do clube, lamentando a “instabilidade” actual do clube, que, no entanto, considera “normal quando os resultados não aparecem”.
“Infelizmente as coisas não têm corrido bem, mas espero, como todos os sportinguistas, que isso mude, que a equipa tenha mais confiança e que os resultados positivos apareçam o mais rapidamente possível”, disse.
Ausente do jogo de hoje do Recreativo de Huelva (17º da Liga espanhola) frente ao Levante (20º), devido a uma lesão no joelho esquerdo, Beto ressalva, que apesar de este ser “um problema antigo”, não tem razões de queixa do departamento médico do Sporting: “Não, não tenho, nem do Recreativo, nem do Sporting”.
Para o actual jogador do Recreativo de Huelva, o seu sucessor com a braçadeira do Sporting, João Moutinho, tem “muita mística”, mas Beto absteve-se de comentar a escolha: “Se é o mais correcto ou não, depende do ponto de vista de cada um”.
O ex-capitão dos “leões” garantiu que o eventual assédio de clubes estrangeiros ao jovem médio internacional do Sporting Miguel Veloso, tal como aconteceu com ele, “não é incomodativo”.
“É um miúdo com consciência, com muita tranquilidade e alguma maturidade já, até pela experiência que tem em casa [o pai é o antigo internacional do Benfica António Veloso]. Penso que isso não vai transformar o Miguel, como não me transformou a mim. É bom reconhecerem o nosso trabalho, apenas isso”, explicou.
Para Beto, internacional por 29 vezes, com dois golos marcados pela selecção portuguesa, foi “complicado ver por fora” os jogos da qualificação da equipa das “quinas” para o Campeonato da Europa de 2008, justificando as dificuldades do apuramento.
“As equipas têm cada vez mais qualidade, melhores jogadores, estão melhores estruturadas e criam maiores complicações”, afirmou, acrescentando ter “a noção de que cada vez é mais difícil” voltar a ser convocado para a selecção portuguesa.
Beto, que tem mais duas épocas de contrato, disse à Lusa sentir-se “bem, feliz e útil” no Recreativo de Huelva, frisando o sentido de entreajuda existente no núcleo de portugueses no clube, formado ainda pelo os também ex-“leões” Carlos Martins e Varela.
LUSA