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Atuar por mais que uma seleção é muito complicado, segundo o Presidente da FIFA

Gianni Infantino afirmou hoje, na cidade da Praia, que é "muito complicado" mudar a regra para permitir que jogadores possam atuar por mais que uma seleção, explicando que há "interesses distintos" em todo o mundo.

Atuar por mais que uma seleção é muito complicado, segundo o Presidente da FIFA
Futebol 365

"Temos falado sobre esta regra com todas as federações do mundo e é muito, muito complicado porque há interesses muitos distintos em todas as partes envolvidas", afirmou o suíço Gianni Infantino, líder do organismo que tutela o futebol mundial, que falava aos jornalistas durante uma visita de algumas horas a Cabo Verde.

A FIFA pondera mudar uma das suas regras de ouro, para permitir que jogadores possam atuar por mais que uma seleção, uma sugestão da federação cabo-verdiana, que tem muitos atletas que nasceram em outros países, como Portugal.

Gianni Infantino disse que é algo que a organização que dirige vai analisar e terá que fazer algo.

"Mas é mais complicado do que parece, porque há vários interesses muito distintos em todas a partes do mundo. Temos de andar com o tempo, com a globalização, a migração, tudo isto, mas não é tão fácil", acrescentou o presidente da FIFA, após ser recebido pelo presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

O presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Mário Semedo, defendeu que será uma "medida importante" para um país como Cabo Verde que tem uma vasta comunidade emigrada, mas reconheceu também que é uma "questão complicada" e terá que ser equacionada tendo em conta os vários interesses em jogo.

"Não se pode tomar uma medida que possa desestruturar todo o sistema do futebol mundial. Num quadro de equilíbrio, de conciliação dos vários interesses, a FIFA vai estudar a questão e com apoio dos especialistas e das próprias federações poderemos encontrar uma solução que agrade ambas as partes", afirmou o dirigente máximo do futebol cabo-verdiano.

Gianni Infantino visitou Cabo Verde um mês após o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), Ahmed Ahmed, também ter estado no país para conhecer a realidade do futebol.

O presidente da FIFA disse que uma das questões que constatou em Cabo Verde é que o país enfrenta muitos problemas logísticos, pelo facto de ser ilhas e por não estar integrado territorialmente dentro do continente africano.

Infantino sugeriu, por isso, aos responsáveis cabo-verdianos a se candidatarem aos fundos da FIFA para ajudar as federações com custos de viagens.

"A FIFA já está consciente da situação de países como Cabo Verde, que não é único, onde há problemas logísticos e neste momento temos fundos especiais para ajudar as federações com custos de viagens e também criar colaborações com várias outras federações", sustentou.

Relativamente a outros projetos concretos, Gianni Infantino indicou que a FIFA vai apoiar Cabo Verde na criação de um centro técnico na ilha do Sal e na certificação do Estádio Adérito Sena, na ilha de São Vicente, para também poder receber jogos internacionais e da seleção.

Quanto ao novo modelo do campeonato nacional que a federação quer implementar, e orçado em cerca de 450 mil euros, o presidente disse que a FIFA poderá apoiar Cabo Verde com fundos do "For World", um programa de desenvolvimento do futebol da organização.

Ao antever a visita, Mário Semedo, que regressou ao cargo em outubro, informou que a federação enfrenta "alguns constrangimentos" e está sob "restrições" da FIFA, pelo facto de não ter apresentado contas relativas ao ano de 2016.

Questionado sobre as restrições, Gianni Infantino notou que algo correu mal no futebol cabo-verdiano nos últimos tempos, mas garantiu que o problema será resolvido "muito rapidamente".

Em Cabo Verde, o presidente da FIFA disse que a aposta será no desenvolvimento do futebol desde as camadas mais jovens, como crianças, e também as mulheres.

Durante as cerca de 17:00 horas que esteve pela primeira vez em Cabo Verde, o presidente da FIFA visitou ainda o edil da Praia, Óscar Santos, que lhe entrou as chaves da cidade, o ministro do Desporto, Fernando Elísio Freire, manteve um encontro com a direção da FCF e terminou com um almoço oferecido pelo Presidente da República.

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