O pai do futebolista dos 'benjamins' do Despertar Martim Venâncio, que recebeu o cartão branco após ter pedido desculpa ao árbitro pelo comportamento do progenitor e ambos se terem abraçado, diz-se injustiçado e humilhado pelo 'juiz'.
O episódio ocorreu a 20 de janeiro, no jogo com o Moura, em prova da Associação de Futebol de Beja, em cujo relatório o árbitro Edgar Ramos destacou o gesto do atleta de oito anos, razão pela qual lhe mostrou o cartão branco, símbolo de ‘fair play’.
Em declarações à agência Lusa, o pai do atleta, João Venâncio, desmentiu a versão do árbitro, acusando-o de ter "sido ele a abraçar o filho e, com isso, o ter humilhado", acrescentando ter testemunhas da forma que o árbitro agiu.
"Fiquei contente pelo facto de o meu filho ter visto o cartão branco", assumiu o pai do Martim, confirmando que o jovem "foi pedir desculpa pelo comportamento" que estava a ter fora de campo, garantindo, ainda assim, "não ter ameaçado ninguém".
E continuou: "Sinto-me injustiçado com o que se passou. Se eu tivesse posses processava o árbitro, pois apenas lhe chamei a atenção para a dualidade de critérios que estava a ter. Estou de consciência tranquila".
Acusando o árbitro de "aproveitamento" num momento em que a arbitragem, em Portugal, "está um caos", João Venâncio revelou que o ídolo do filho é "Cristiano Ronaldo e que aspira a jogar a avançado".
Contactado pela Lusa, o árbitro Edgar Ramos mantém o que escreveu no relatório do jogo, argumentando ser "a versão do pai própria de quem se sentiu mal com a situação", recordando que o gesto e o cartão "receberam palmas da bancada", momento em que, disse, "o pai abalou, envergonhado, para nunca mais o voltar a ver".
"Foi a primeira vez que mostrei um cartão de ‘fair play’ e o gesto do atleta deixou-me muito sensibilizado", vincou o árbitro natural de Serpa.
O treinador do Martim, Diogo Maximino, sem mostrar certeza sobre a polémica, revelou que no final as duas equipas alinharam juntas para uma foto e que os seus jogadores "ficaram muito entusiasmados" pelo cartão, tendo sido "motivo de conversa no final do jogo e no treino seguinte", acreditando ter sido "algo que os marcou".
O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves preferiu elogiar o gesto em detrimento da polémica, dando conta à Lusa de outros cartões brancos exibidos em competições de, pelo menos, mais três associações: Setúbal, Santarém e Leiria.
O dirigente deu ainda como exemplo, o último Torneio Ponte de Frielas (Loures), em sub-14, onde “o árbitro João Capela exibiu também um cartão branco, no jogo Boavista-Nacional, depois de um avançado ‘axadrezado’ ter prescindido de rematar à baliza assim que se apercebeu que o defesa que tinha driblado se havia lesionado".