A Polícia Judiciária deteve hoje duas pessoas, entre as quais o assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves, por suspeitas de corrupção, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal.
Em comunicado, a PJ refere que, na operação ‘e-toupeira’, foram realizadas trinta buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa que levaram à apreensão de “relevantes elementos probatórios”.
Nesta investigação, iniciada há quase meio ano pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, averigua-se “o acesso ilegítimo a informação relativa a processos que correm termos nos tribunais ou departamentos do Ministério Público a troco de eventuais contrapartidas ilícitas a funcionários”.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa informou na sua página na internet que o inquérito está relacionado com “a prática de acessos por funcionários a diversos inquéritos em segredo de justiça para obtenção de informação sobre diligências em curso, informações que eram depois transmitidas ao assessor da administração de uma sociedade anónima desportiva a troco de vantagens”.
A PGDL não refere que a sociedade anónima desportiva é a SAD do Benfica.
Estão a ser investigados crimes de corrupção passiva e ativa, violação do segredo de justiça, favorecimento pessoal e falsidade informática/cibercrime.
Segundo a PGDL, foram cumpridos seis mandados de buscas domiciliárias, um de busca a gabinete de advogado e 21 mandados de buscas não domiciliárias na presença de um juiz de instrução criminal, dois procuradores-adjuntos, inspetores da PJ e peritos informáticos.
Os dois detidos, que não são identificados nas informações prestadas pela PJ e pela PGDL, vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial.
A investigação, indica o comunicado da PJ, vai continuar para a recolha de prova e ao apuramento dos benefícios ilegítimos obtidos.
O inquérito corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Uma fonte ligada ao processo disse hoje de manhã à agência Lusa que o assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves tinha sido detido no âmbito do caso dos emails.
O assessor jurídico do Sport Lisboa e Benfica Paulo Gonçalves já tinha sido constituído arguido a 19 de outubro, no caso dos emails e na sequência de buscas da Polícia Judiciária ao clube.
Desde maio que o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, tem acusado o Benfica de influenciar o setor da arbitragem e apresentou alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis ‘encarnados’, nomeadamente de Paulo Gonçalves e Luís Filipe Vieira.
De acordo com informações avançadas pela Sábado, também terá sido detido um técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ), por suspeitas de corrupção passiva.