A atuação da justiça em relação aos grupos organizados de adeptos no futebol português foi hoje questionada pelo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, no âmbito da conferência "Violência no Desporto", na Assembleia da República.
No segundo painel do dia, dedicado à justiça e à violência no desporto e no qual estiveram representantes do Conselho Superior da Magistratura, do Ministério Público, da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR), o líder ‘leonino' visou de forma implícita o Benfica, a ligação a claques não legalizadas e a aparente inação judicial.
"Há uma investigação que demorou quase um ano, séria, que teve por base a audição de comandantes da polícia e onde foi verificado claramente o apoio de um clube a uma claque ilegal. E a verdade é que [o processo] foi arquivado", afirmou, citando a entrada de artefactos pirotécnicos em recintos desportivos como o exemplo da prática de um crime.
Na mesma linha de argumentação, Bruno de Carvalho – numa sessão que já não contou com a presença do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que esteve presente apenas de manhã - referiu a existência de tarjas ofensivas no interior de recintos desportivos, criticando a suposta conivência entre clube e autoridades.
"Temos tarjas em campos de futebol e em pavilhões - em que a desculpa dada pelo clube é que a polícia não as foi retirar - e estamos a falar de tarjas como ‘Foi no Jamor que o lagarto ardeu, foi o very-light?’ e não vou dizer o resto. O presidente desse clube disse que não pode fazer nada porque foi a própria polícia que disse que a intervenção não podia ser feita", frisou.
Após manifestar o seu contentamento por saber que "o Ministério Público quer estar cada vez mais perto da realidade desportiva", Bruno de Carvalho lembrou ainda o caso do adepto italiano morto nas imediações do Estádio da Luz, em abril de 2017.
"Temos situações em que um adepto é morto e logo de seguida aquilo que é dito é o que é que estava o adepto ali a fazer. Temos situações de tochas enviadas para cima de crianças e idosos num jogo", resumiu, até que foi interrompido pelo moderador do debate. A situação gerou alguma tensão e a palavra acabou mesmo por ser retirada ao presidente do Sporting.