A ''má'' gestão do Sporting motivou um manifesto de um grupo de adeptos, que quer reunir apoios para marcar uma Assembleia Geral (AG) para discutir com a direcção o actual momento do clube.
''Exigimos que passem a ser feitas outras práticas de gestão e que haja uma clarificação de alguns negócios e de algumas situações que parecem ser desastrosas para o clube'', referiu à Agência Lusa Frederico Abreu, um dos subscritores do manifesto.
Lançado há cerca de uma semana na Internet, o ''manifesto exigindo mais e melhor Sporting'' quer ''criar uma massa crítica nos adeptos do Sporting e tentar reunir apoios para realizar uma AG extraordinária''.
De acordo com Frederico Abreu, o manifesto surgiu depois de um grupo de cerca de 50 adeptos do clube ter conseguido reunir um conjunto de ''informações sobre coisas que deviam ser investigadas de forma jornalística e, quem sabe, mesmo judicial''.
''Na gestão do clube, das modalidades, do futebol há muitas coisas que estão a ser mal feitas e que queremos discutir com a direcção'', acrescentou.
Os subscritores do manifesto mostram-se contra o projecto Roquette que ainda está em curso, sendo que, segundo os mesmos, o passivo do clube aumentou cinco vezes nos últimos 12 anos, de 40 milhões de euros para 200 milhões.
''O Sporting tem necessidade de vender jogadores para cobrir a ruína dos negócios, ao contrário do que estava previsto no projecto Roquette'', alertou Frederico Abreu.
Frederico Abreu considera que o centro comercial Alvaláxia, onde chegou a ter uma loja, ''foi um desastre completo'', acrescentando que o Sporting está a perder acções em tribunais para alguns lojistas, por não ter cumprido a promessa de fazer publicidade ao espaço.
Este é apenas um dos pontos negativos que aponta à gestão de Pedro Afra, director-geral do Grupo Sporting e antigo responsável pela Sporting Património e Marketing.
Para Frederico Abreu, Pedro Afra ''falhou praticamente todos os objectivos a que se tinha proposto'', lembrando que ''não houve um aumento de novos sócios'' e que, neste momento, ''não deve haver mais de 50.000 sócios pagantes''.
O manifesto critica ainda os ordenados auferidos pelos quadros superiores do clube, cujo valor chegou a corresponder a 15 por cento do valor da equipa de futebol.
Para Frederico Abreu, o ''negócio da venda do património foi vergonhoso e pouco explicável'', acusando a direcção do clube de não ter aceite a proposta mais alta.
Outro dos pontos apresentados no manifesto foi a indemnização de 300.000 euros paga ao antigo administrador Rui Meireles ou o prémio de gestão de 86.000 recebido por Carlos Freitas, antigo responsável pelo futebol.
Frederico Abreu fala ainda de uma ''obsessão com o BES, que vai ser o parceiro do novo cartão do Sporting'', acrescentando que a OPCA, empresa do presidente Filipe Soares Franco, tem negócios com aquela entidade bancária.
O subscritor do manifesto considera ainda que ''o futebol do Sporting não chegou a este estado por culpa do Paulo Bento ou do jogador X ou Y'', mas sim devido a erros de gestão.
O grande objectivo do manifesto é criar condições para a realização de uma AG do Sporting, mas, ''se não houver abertura para tal'', o grupo de adeptos terá ''de adoptar uma política mais agressiva''.
''Se não o conseguirmos, podemos fazer algumas acções de protesto, como a apresentação de uma lista alternativa. Isto sem interesse pelo poder, porque não temos estrutura para o alcançar. Não temos nada a haver com acções que ultrapassem a razoabilidade'', afirmou.
Frederico Abreu adiantou ainda que o grupo que lançou o manifesto pode ''vir a apoiar alguém'' numa futura eleição, mas não tem o apoio ''de nenhum cabeça de cartaz''.
''Como disse Salgueiro Maia no 25 de Abril: 'aqui somos todos capitães'. Se fosse no PSD, podia dizer-se que este era um movimento das bases'', disse.
Frederico Abreu não acredita que vá haver problemas para angariar os 1.500 votos necessários para marcar a AG, mas tem algumas preocupações com as condições para criar a reunião magna, porque os custos terão de ser todos cobertos.
Contactada pela Agência Lusa, uma fonte do Sporting recusou tecer comentários a este manifesto.
LUSA