A Aeronáutica Civil da Colômbia anunciou hoje que o avião que transportava a delegação da equipa de futebol Chapecoense indicou falta de combustível 40 minutos antes do acidente que deixou 71 passageiros mortos em 2016.
A conclusão consta do relatório final sobre o desastre com o avião da empresa Lamia, em 28 de novembro de 2016, divulgado pelas autoridades colombianas.
A análise do acidente, que vincula autoridades e instituições de cinco países (Colômbia, Bolívia, Brasil, Estados Unidos e Inglaterra), reafirmou que o combustível do avião era insuficiente para completar o voo com segurança.
"O relatório observa que a empresa Lamia, que planeava não parar este voo charter (sem transporte regular de passageiros) entre Santa Cruz (Bolívia) e Rionegro (Colômbia), não atendeu aos requisitos de quantidade mínima de combustível exigida pelos padrões internacionais", lê-se em um comunicado divulgado pela Aeronáutica Civil da Colômbia.
O planeamento do voo não levou em conta o combustível necessário para voar para um aeroporto alternativo, o aeroporto de contingência, o aeroporto de reserva e o combustível mínimo de pouso.
"A aeronave com placa LMI 2933, que caiu às 21:59 do dia 28 de novembro de 2016, teve um défice de 2.303 kg de combustível, já que percorrer a rota Santa Cruz-Rionegro as disposições do setor exigiam uma quantidade mínima de combustível de 11.603 kgs e esta aeronave tinha apenas 9.300 kgs", acrescentaram as autoridades colombianas.
O relatório diz ainda que a empresa e a tripulação, apesar de terem conhecimento da quantidade limitada de gasolina para completar o voo em Rionegro, tomaram a decisão de pousar em outro aeroporto sem reabastecimento.
"A tripulação descartou um pouso em Bogotá, ou outro aeroporto, para reabastecer", diz o documento.
Outra conclusão que chama a atenção é o facto da empresa boliviana LaMia ter deficiências organizacionais, uma situação económica difícil, inconvenientes na alocação de cargos e problemas em seu sistema de gestão de segurança.
"Diante dos fatores que contribuíram para a ocorrência deste trágico acidente, destacam-se as deficiências latentes do LaMia relacionadas ao incumprimento de políticas de combustíveis, falta de supervisão e controlo do atraso declaratório de prioridade e emergência por parte da tripulação quando era iminente que o combustível estava a esgotar-se", concluíram as autoridades colombianas.
Dos 77 passageiros do voo que transportava a Chapecoense, que iria disputar na Colômbia a segunda mão da final da Taça sul-americana, sobreviveram seis pessoas, os futebolistas Jackson Follmann, Neto e Alan Ruschel, um jornalista, e dois tripulantes, uma comissária e um técnico do avião.