O FC Porto conquistou hoje o 28.º título de campeão nacional de futebol e colocou fim a um inédito jejum, nas últimas 33 temporadas, de quatro épocas consecutivas sem tocar no troféu, há quatro anos na posse do Benfica.
Num campeonato emotivo, com ‘derrapagens’ na liderança e ambiente de ‘guerrilha’ fora das quatro linhas, acabou por triunfar a equipa mais focada e que, à partida, devido às condicionantes financeiras, era tida como ‘outsider’ perante Benfica e Sporting.
Sérgio Conceição montou um plantel recorrendo à ‘prata da casa’ e jogadores emprestados e, mesmo sem alguns dos seus ‘anéis’ que o FC Porto foi obrigado a vender, como Rúben Neves e André Silva, impôs-se aos rivais e fez a diferença com o triunfo na Luz (1-0).
Conceição sucedeu a Vítor Pereira na história de treinadores campeões e superou as apostas falhadas em Paulo Fonseca, que com a conquista da Supertaça de 2013/14 tinha erguido o último troféu para o clube, o espanhol Julen Lopetegui, José Peseiro e Nuno Espírito Santo.
Pelo banco portista nestas últimas quatro temporadas, em que prevaleceu a aposta em treinadores portugueses, sendo Julen Lopetegui a única exceção, passaram ainda os interinos Rui Barros e Luís Castro.
A conquista do campeonato coroa um ano em que o FC Porto chegou às meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga, sendo afastado nas meias-finais pelo Sporting em ambas as situações no desempate por grandes penalidades, e a eliminação frente ao finalista da Liga dos Campeões Liverpool, nos oitavos de final.
Para a história da época de 2017/18 fica ainda o facto de o FC Porto ter impedido o Benfica, que chegou à liderança a cinco jornadas do fim da I Liga, de obter o pentacampeonato, permanecendo os ‘dragões’ como o único clube que o conseguiu.
O atípico jejum de quatro anos decorre desde a conquista do tricampeonato em 2012/13, ‘selado’ com o golo do brasileiro Kelvin, e terminou agora com a conquista do título pelas mãos de Sérgio Conceição.
Após esse triunfo, o segundo sob o comando de Vítor Pereira, o FC Porto terminou duas vezes no segundo lugar e outras tantas no terceiro, nomeadamente a de 2013/14, quando ficou a 13 pontos do campeão, com sete derrotas e apenas um título ‘secundário’ conquistado (Supertaça).
Naquela que foi uma das piores épocas da ‘era’ Pinto da Costa na presidência do clube – é preciso recuar 13 edições, ao de 2001/02, ganho pelo Sporting, para encontrar mais derrotas (oito) num campeonato disputado por 18 equipas.
Paulo Fonseca orientou a equipa até ao seu dia de aniversário, em 05 de março, mas, foi já sob o comando do interino Luís Castro, que os ‘azuis e brancos’ foram eliminados pelo Sevilha nos quartos de final da Liga Europa e pelo Benfica nas meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga.
O treinador Julen Lopetegui foi a aposta seguinte e 2014/15 acabou por se tornar na primeira época sem títulos desde 1988/89, mesmo depois da ‘revolução’ no plantel, com contratações de jogadores como Óliver, Tello, Casemiro, Marcano e Aboubakar.
Além do segundo lugar, a três pontos do Benfica, os ‘dragões’ caíram nos quartos de final da Liga dos Campeões, diante do Bayern Munique, e nas meias-finais da Taça da Liga, perante o Marítimo, e na terceira ronda da Taça de Portugal, frente ao Sporting.
Seguiu-se novo terceiro lugar, em 2015/16, a primeira do ‘galático’ Iker Casillas nos ‘dragões’, que contrataram ainda Maxi Pereira, Miguel Layún, Jesús Corona e Danilo Pereira.
O atual selecionador de Espanha acabou por deixar o comando técnico dos ‘azuis e brancos’ praticamente na viragem do campeonato, a um ponto do líder Sporting, após um empate caseiro frente ao Rio Ave (1-1) e derrota em Alvalade (2-0).
Prosseguiu o interino Rui Barros e terminou com José Peseiro, a 15 pontos do tricampeão Benfica e a 13 do Sporting, numa temporada que culminou com o desaire na final da Taça de Portugal, nas grandes penalidades, frente ao Sporting de Braga, de Paulo Fonseca.
Os ‘dragões’ foram relegados da ‘Champions’ para os 16 avos da Liga Europa, da qual foram eliminados pelo Borussia Dortmund, e não foram além da fase de grupos da Taça da Liga.
Em 2016/17, Nuno Espírito Santo apresentou-se com a ambição de “voltar para vencer”, mas acabou por sucumbir quando dependia apenas de si e frente a adversários teoricamente acessíveis.
Nove êxitos seguidos, que se conjugaram com o empate do Benfica em Paços de Ferreira (0-0), deixaram, à 26.ª jornada, o primeiro lugar à distância de um triunfo frente ao Vitória de Setúbal, que navegava na segunda metade da classificação.
O ‘dragão’, que não se encontrava na condição de líder isolado desde a 14.ª jornada da época anterior (2015/16), encheu-se, mas o FC Porto, com queixas de arbitragem, não foi além de uma igualdade (1-1), perante um adversário que tinha a obrigação de vencer.
Na jornada seguinte, em casa do Benfica, o FC Porto recuperou de uma desvantagem, com Maxi Pereira (1-1) a silenciar a Luz, mas depois o rival mostrou mais vontade, mantendo-se na liderança para a reta final, na qual os portistas voltaram a tropeçar várias vezes.
Além do quarto ano de ‘seca’ no campeonato, juntou-se a eliminação frente à Juventus nos oitavos de final da ‘Champions’, na quarta eliminatória da Taça de Portugal, diante do Desportivo de Chaves, e a queda na fase de grupos da Taça da Liga.