Declarações de José Couceiro, treinador do Vitória de Setúbal, no final do encontro com o Tondela (1-0), da 34.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
«Foi uma época muito difícil. Saímos de um pesadelo, é um alívio. Quero em primeiro lugar enaltecer os jogadores. Passámos momentos muito complicados, interna e externamente. Os jogadores acreditaram sempre que era possível.
Tivemos problemas diretivos, salariais. Em relação ao VAR [videoárbitro], não há um erro a nosso favor. Os jogadores foram fantásticos. Não tenho condições para continuar no Vitória. Há formas de ver diferentes, continuei no clube pelos jogadores. Não tenho condições, estou esgotado. Agradeço às nossas famílias. Fui positivo, pedi sempre união. Mesmo depois de termos perdido com o Feirense, tivemos uma receção fantástica dos adeptos. Agradecemos a todos os que nos mandaram mensagens.
Destaco uma mensagem de José Mourinho, ele que é vitoriano e setubalense, passou-nos mensagem de conforto e motivação antes do jogo. Significa o que é o Vitória. Mesmo os vitorianos que estão longe sentem o clube. José Mourinho mandou-nos mensagem, é sócio do VFC desde que nasceu. O clube não fica órfão de ninguém. Todos torcemos para que tenha êxitos.
Não tenho condições para ser eu a liderar o Vitória. Um dos problemas foi que os jogadores muito cedo perceberam que eu não ia ser o treinador no futuro. Era a crónica de uma morte anunciada. Em termos psicológicos, não tenho condições para continuar.
[O futuro] não sei. Os vitorianos têm carinho por mim, consideram-me um filho adotado. Estavam pessoas a sofrer por nós. Fui adotado por esta cidade e pelo Vitória, tenho grande orgulho em ser o terceiro treinador com mais jogos pelo Vitória a seguir a Fernando Vaz e José Maria Pedroto. Irei torcer sempre pelo Vitória.
Deixo um abraço aos meus dois colegas cujas equipas desceram e para os seus clubes: o Estoril, onde tenho muitos amigos, e o Paços de Ferreira. Parabéns ao FC Porto pelo título.
Não [saio com mágoa]. Estou muito satisfeito por o Vitória ficar na I Liga. Não tenho mágoa nenhuma. Há situações que não dependem de mim. Passámos momentos muito difíceis. Estou aliviado, morto, rebentei, não tenho capacidade de reação, esgotei. Há momentos em que temos de parar. Seria uma péssima solução ter um discurso diferente.
Os projetos dos clubes não podem estar dependentes da bola que bate na barra. Nunca fui convidado para nada, os jogadores sentiram isso. Não há condições. Fizemos o máximo pelo Vitória. Não falámos das condições difíceis, aguentámos as coisas. Foi desde agosto, foi uma época difícil. Dou os parabéns a todos os que estiveram connosco.
Felizmente, tenho condições para fazer isso, mas muitos dos que trabalham comigo não têm. Não fui empurrado para sair. Se quisesse sair, rescindia o meu contrato, seria muito mais fácil ir embora. Jogadores pediram-me para não os abandonar e ir até ao fim.
[Análise ao jogo] Conseguimos marcar e devíamos ter feito o 2-0. Na segunda parte conseguimos defender mais alto. O vento foi determinante. Estivemos mais próximos de fazer golo que o Tondela. Estivemos mais perto de fazer o 2-0».