O antigo dirigente do Sporting Daniel Sampaio afirmou hoje à Lusa que não ficou surpreendido com a tomada de posição do presidente Bruno de Carvalho, voltando a apelar à demissão coletiva dos órgãos sociais dos leões.
“Não fiquei surpreendido [com as declarações de Bruno de Carvalho]. Continuo a apelar à demissão, mas não fiquei surpreendido”, disse à agência Lusa, num curto comentário.
Daniel Sampaio, que já foi vice-presidente da Assembleia Geral do Sporting e mandatário de Bruno de Carvalho nas últimas eleições do clube, referiu que mantém a posição de pedir a demissão de todos os órgãos.
“Não vou dizer mais nada nos próximos dias. A minha posição já está clara, proponho a demissão coletiva dos órgãos sociais e não há mais nada a dizer. Infelizmente não aconteceu a demissão do Conselho Diretivo”, afirmou, recusando fazer mais declarações.
O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, disse na noite de quinta-feira que a direção do clube e a administração da SAD não se vão demitir.
"Não nos vamos demitir", afirmou Bruno de Carvalho, que falava acompanhado por elementos do Conselho Diretivo, da administração da SAD e do Conselho Fiscal e Disciplinar, sublinhando que está pedida uma Assembleia-Geral extraordinária para ouvir os sócios do clube.
Numa declaração sem direito a perguntas, o presidente 'leonino' afirmou que o clube está a ser alvo de uma "campanha interna e externa, sem precedentes" e considera que os interesses do clube ficam mais bem defendidos se a sua direção continuar em funções.
A polémica que envolve o Sporting agravou-se nos últimos dias, depois da derrota da equipa de futebol no domingo, no último jogo da I Liga de futebol, frente ao Marítimo, que fez o clube de Alvalade perder o segundo lugar para o Benfica.
Antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, em que o Sporting defronta o Desportivo das Aves, a equipa de futebol foi atacada na Academia de Alcochete, na terça-feira, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores.
A GNR deteve 23 dos atacantes e as reações de condenação do ataque foram generalizadas e abrangeram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.
Face às críticas, Bruno de Carvalho negou, em comunicado enviado à Lusa, qualquer responsabilidade pelo ataque na academia, rejeitou demitir-se da presidência do Sporting e anunciou que vai processar Ferro Rodrigues, bem como comentadores e jornalistas por o terem “difamado e caluniado” após os atos de violência em Alcochete.
Entretanto, a Mesa da Assembleia-Geral demitiu-se em bloco, vários membros do Conselho Fiscal e Disciplinar renunciaram aos cargos e parte do Conselho Diretivo também se afastou, enquanto o empresário Álvaro Sobrinho, patrão da Holdimo, detentora de 30% das ações da SAD do Sporting, pediu a demissão da direção.
Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve na quarta-feira quatro pessoas ligadas ao Sporting, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol e de futebol.