Álvaro Sobrinho, líder da Holdimo, que detém 28,85% da SAD do Sporting, classificou hoje o presidente Bruno de Carvalho de “mentiroso compulsivo”, “morto-vivo” e “mau-feitor”, prometendo usar “todos os instrumentos jurídicos” para o destituir.
“Não tem a confiança do segundo maior acionista, o que nos leva a tomar posições. A pôr ao nosso alcance, a usar todos os instrumentos jurídicos para o pôr fora da SAD. É o que iremos fazer”, prometeu.
Em entrevista, via telefone, à SIC Notícias, Sobrinho respondeu às várias acusações que lhe foram feitas pelo dirigente, a quem se referiu sistematicamente como “assalariado da SAD”, motivo pelo qual espera “explicações da sua má gestão”.
“Um acionista tem poder para fazer alguma coisa para afastar um assalariado que está, no fundo, a destruir a empresa e é isso que a Holdimo está a fazer, não tem alternativa”, prosseguiu.
Álvaro Sobrinho garante que Bruno de Carvalho “já não interessa para nada” e reforçou: “Não tem a confiança de ninguém e, numa tomada de decisão (para o destituir), o que está melhor posicionado para o fazer é a Holdimo. Temos muita, muita matéria para afastar este senhor da Sporting SAD”.
“Ele já não interessa. Quando se servem do Sporting para se projetarem na vida, está tudo dito. O egocentrismo e prepotência não o fazem perceber que é assalariado e que tem de prestar contas. Não há conversa. Não tem poder para dizer se quer ou não um acionista”, sublinhou, respondendo ao desejo do presidente de ver a Holdimo fora da estrutura de investidores dos ‘leões’.
Sobrinho garante que a Holdimo foi “decisiva na reestruturação financeira do Sporting” e que Bruno de Carvalho “nada fez”, revelando que o BES e o BCP aceitaram as condições pelo facto de a sua empresa “aceitar transformar créditos superiores a 20 milhões de euros em ações”.
“É um assalariado da SAD, não é o dono. E fez afirmações gravosas contra o segundo maior acionista do clube”, insistiu, lamentando as “manobras de idiotice e criancice” do seu ‘interlocutor’, que classificou de “mentiroso compulsivo”, destacando ainda a sua “estupidez” e acusando-o de “tentar manipular a má gestão que tem feito até agora”.
Álvaro Sobrinho diz que Bruno de Carvalho “está a destruir valor, a imagem do maior acionista, que é o Sporting Clube de Portugal”, além do maior privado, a Holdimo: “Está a pensar mais nele, nas loucuras que fez, tentar justificar atos perfeitamente reprováveis, com manobras dilatórias”.
“Quem não vai continuar na Sporting SAD é Bruno de Carvalho. É a única certeza que tenho. A Holdimo vai continuar a apoiar o Sporting, jogadores e equipa técnica. (...) Ele é um morto-vivo. Faz parte do passado. Nem vale a pena falar”, desvalorizou.
O investidor manifestou-se convicto de que os futebolistas não vão avançar para rescisões unilaterais de contrato, elogiando ainda o papel do treinador Jorge Jesus no papel de ligação e no serenar do grupo de trabalho.
“Todos os acionistas devem transmitir confiança ao seu ativo principal, a equipa de futebol. Há um assalariado com poderes que está a estragar o trabalho feito pela equipa profissional do Sporting. Temos excelentes profissionais e vão fazer tudo para vencer (domingo o Desportivo das Aves na final da Taça de Portugal)”, concluiu.
Na terça-feira, antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores. A GNR deteve 23 dos atacantes.
Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve na quarta-feira quatro pessoas na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, que foi libertado sob caução e impedido de exercer funções desportivas.
O cenário agravou-se com as demissões na quinta-feira da Mesa da Assembleia Geral, em bloco, da maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar, instando o presidente do Sporting a seguir o seu exemplo, mas Bruno de Carvalho anunciou que se irá manter no cargo, apesar das seis demissões no Conselho Diretivo.