As seleções europeias conquistaram nove das 10 edições do Mundial de futebol realizadas no ‘velho continente’, tendo falhado apenas em 1958, ano em que o Brasil arrebatou o seu primeiro troféu, na Suécia.
Liderado por um ‘garoto’ de 17 anos, de alcunha Pelé, que marcou um golo nos quartos de final, três nas ‘meias’ e dois na final, para um total de seis, o conjunto ‘canarinho’ superiorizou-se de forma clara em terras escandinavas.
O Brasil colocou essa ‘lança’ na Europa, mas o feito de Edson Arantes do Nascimento e companhia continua a ser exceção: nas restantes nove competições em solo europeu, a Itália venceu quatro, a RFA três e a Inglaterra e a França uma cada.
Mesmo no que respeita à composição dos pódios, os sul-americanos só lograram quatro: além do triunfo de 1958, o Brasil foi finalista vencido em 1998 e terceiro em 1938, enquanto a Argentina caiu na final de 1990.
Os europeus conquistaram, assim, 26 dos 30 lugares no pódio, por intermédio de Alemanha (sete), Itália (cinco), França (três), Hungria e Polónia (dois) e Checoslováquia, Áustria, Suécia, Inglaterra, Portugal, Holanda e Croácia (um).
A primeira edição no ‘velho continente’ aconteceu em 1934, em Itália, e os anfitriões ganharam, numa competição completamente dominada pelos europeus (nenhum ‘forasteiro’ chegou sequer aos ‘quartos’), também porque o campeão em título Uruguai faltou e Brasil e Argentina surgiram sem os seus melhores jogadores.
Quatro anos depois, em 1938, a prova realizou-se em França e a final foi uma vez mais europeia - a Itália ‘bisou’, ao bater a Hungria por 4-2 -, só que, desta vez, o Brasil, batido nas ‘meias’ pelos campeões (1-2), chegou ao ‘bronze’ (4-2 à Suécia).
Foi, então, preciso esperar duas décadas por nova edição na Europa e tudo continuou como antes: na Suíça, impôs-se a República Federal Alemã (RFA), ao bater, sensacionalmente, na final a Hungria por 3-2, enquanto o Uruguai, que chegara sem derrotas em Mundiais, foi o melhor forasteiro, no quarto lugar.
A exceção aconteceu em 1958, na Suécia: com Pelé em ‘grande’, o Brasil dominou por completo a prova, que conquistou de forma clara, como demonstram os triunfos por 5-2 nos derradeiros embates (face à França, nas meias-finais, e à Suécia, na final).
Quando o Mundial voltou à Europa, em 1966, o Brasil surgiu como bicampeão em título, uma vez que também triunfara no Chile (1962), mas, em terras de ‘sua majestade’, caiu na primeira fase, derrotado por 3-1 por Hungria e Portugal.
A atuar em casa, a Inglaterra venceu (4-2 na final, após prolongamento, face à RFA) e Portugal foi terceiro, à frente da União Soviética (2-1 no jogo do ‘bronze’). A Argentina foi a melhor não europeia, ao terminar no quinto posto.
Oito anos volvidos, o Mundial voltou à Europa e, de novo, para ficar: a Holanda, de Johan Cruyff, foi quem mais brilhou, mas perdeu na final com a anfitriã RFA (2-1), com a Polónia em terceiro, ao bater o Brasil por 1-0 no jogo de ‘consolação’.
A edição seguinte no ‘velho continente’ aconteceu em 1982, em, Espanha, e o domínio voltou a ser total por parte dos europeus, muito por culpa da Itália, que, na segunda fase, eliminou um fantástico Brasil, que acabou no quinto posto.
O conjunto transalpino, liderado pelos golos de Paolo Rossi, arrebatou mesmo o seu terceiro cetro, ao bater na final a RFA por 3-1, enquanto a Polónia voltou a ocupar o lugar mais baixo do pódio, depois de superar a França por 3-2.
A Itália recebeu, depois, a edição de 1990 e, pela segunda vez, uma seleção ‘forasteira’ atingiu a final: Maradona foi o grande responsável pelo feito da então campeã em título Argentina, batida no jogo do título pela RFA (1-0, graças a uma mais do que polémica grande penalidade apontada por Andreas Brehme).
Em 1998, a França voltou a receber o Mundial e, desta vez, conseguiu alcançar o seu primeiro título, na segunda final consecutiva no ‘velho continente’ com uma seleção sul-americana, agora o Brasil, derrotado por 3-0, num jogo em que Zidane ‘bisou’.
Depois de ‘consentir’ duas presenças seguidas em finais, a Europa dominou a última fase final disputada em casa, na Alemanha, em 2006: a Itália bateu na final a França no desempate por penáltis e a seleção anfitriã levou o ‘bronze’, às custas de Portugal.
O Brasil e a Argentina foram as duas únicas seleções não europeias que conseguiram chegar aos quartos de final, fase em que ambas caíram, face à França (0-1) e Alemanha (2-4 nos penáltis, após 1-1 nos 120 minutos), respetivamente.
O Mundial de 2018 será o 11.º em solo europeu e o primeiro na Rússia, numa edição em que o ‘velho continente’ procura o ‘tetra’, após os triunfos consecutivos de Itália (2006), Espanha (2010, na África do Sul) e Alemanha (2014, no Brasil).
Os vencedores do Mundiais realizados na Europa
1. Itália 4 (1934, 1938, 1982, 2006)
2. RFA 3 (1954, 1974, 1990)
3. Brasil 1 (1958)
4. Inglaterra 1 (1966)
5. França 1 (1998)