As ações da SAD do Benfica recuperaram na quinta-feira 9% e hoje estão a subir 1,46% para 2,02 euros, depois de terem caído perto de 20% nas duas sessões após a acusação do Ministério Público.
As ações da SAD do Benfica estão a subir 80% desde o início do ano, depois de terem fechado 2017 nos 1,15 euros.
“Subiu muito quando foi apurada para a Liga dos Campeões, nas duas sessões a seguir às notícias do ‘e-toupeira’ caiu perto de 20% (desceu dos 2,37 euros até aos 1,88 euros), mas ontem [quinta-feira] recuperou e hoje está a subir 2%”, disse à Lusa o analista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa.
Analistas contactados pela agência Lusa consideraram que o caso ‘e-toupeira’ não está a ter para já qualquer impacto nas ações ou estrutura da SAD do Benfica, mas admitem a existência de riscos.
“Na nossa opinião, os argumentos desportivos (resultados dos jogos, vitórias em campeonatos, participação na Liga dos Campeões, etc) e os financeiros (patrocínios, receitas, ou a ausência de um problema financeiro como tem o Sporting, por exemplo) têm mais influência no preço do que o 'e-toupeira', pelo menos por enquanto”, disse Paulo Rosa.
Contudo, no futuro, adverte, “se o processo judicial resultar em retirada de patrocínios, despromoção de divisão ou retirada de competições, aí sim, os efeitos serão visíveis no preço”.
A propósito, o economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, lembra que “naturalmente, uma acusação criminal a uma entidade é sempre um fator negativo”, ainda mais “quando se fala em penas que podem chegar à suspensão da atividade principal dessa sociedade”.
“Para mais, há muito ruído no sentido de poder haver mais acusações. Dado que a reputação de uma entidade desportiva é essencial para a angariação de receitas, é uma situação potencialmente muito relevante do ponto de vista financeiro”, avisa.
Falar da evolução da cotação já é uma outra questão, indica.
“A liquidez dos títulos é reduzida e, na verdade, o racional de deter títulos de uma SAD é sempre muito discutível e neste caso não é diferente”, refere.
Paulo Rosa lembra que as ações das SAD desportivas têm um comportamento menos racional do que outro tipo de empresas, pelo que não é possível “tirar muitas conclusões da variação de preços que nem sempre têm uma relação direta com a valorização dos ativos”.
“Além disso, o título tem muito pouca liquidez, apesar de cotar em contínuo e não em chamada como as outras ações de SAD, negoceia, em média 10 mil ações. Quaisquer 15 mil ou 20 mil euros de investimento têm enormes repercussões no preço”, refere.
Na terça-feira, o Ministério Público (MP) acusou dois funcionários judiciais, a SAD do Benfica e o seu assessor jurídico Paulo Gonçalves de vários crimes, incluindo corrupção, favorecimento pessoal, peculato e falsidade informática, no âmbito do caso “e-toupeira”.
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, tem insistido na legalidade do comportamento da Benfica SAD em reação às acusações
O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou também a instauração de um processo de inquérito, com base no comunicado judicial.