O presidente do FC Porto rejeitou hoje ter ficado afectado por ir a julgamento no âmbito do processo Apito Dourado, sobre alegada corrupção no futebol português, que Pinto da Costa comparou a um filme de ficção.
Em entrevista ao Rádio Clube Português, Pinto da Costa explicou que tem ''cuidados redobrados'' quando fala ao telefone, porque ''não se sabe se do outro lado está uma rasteira'', no dia em que foi pronunciado pelo processo Apito Dourado, relativo ao jogo Beira-Mar-FC Porto, da época 2003/2004.
''Sinto-me como me sentia ontem, quando não estava pronunciado e era um dos muitos milhares de arguidos deste país. (No julgamento) espero tudo. Quando nasceu o Apito Dourado e ouvi as primeiras acusações em tribunal, pareceu-me um filme de ficção'', sustentou o presidente do FC Porto.
Pinto da Costa advertiu que o processo pelo qual hoje foi pronunciado pelo crime de corrupção desportiva activa ''foi arquivado pelo Ministério Público'', tendo sido ''reaberto por causa do livro'' de Carolina Salgado, sua antiga companheira.
''Mas o livro não diz nada. Isso foi falado no inquérito feito na Judiciária, em Lisboa, por um senhor de quem a irmã (de Carolina Salgado) disse que a industriava. Essa senhora foi utilizada. No entanto, ela é credível'', argumentou o presidente do clube portuense.
Pinto da Costa garantiu que não tem ''nenhum peso na consciência'', pois acredita que será absolvido, apesar de sentir ''que há um plano'' para o atingir: ''O que não quero é que o assunto seja arquivado pelo facto de não haver provas''
''Acredito na justiça divina e hoje, quando soube que era pronunciado, pedi a Deus que se prove a inocência de quem estiver a falar verdade e caiam as maiores desgraças a quem estiver a mentir e induziu os outros a mentir com essa história do envelope'', disse o dirigente.
Pinto da Costa lamentou que a polícia tenha andado ''anos a investigar para descobrir que um árbitro, numa altura em que o FC Porto era campeão'', visitou a sua residência para ''tratar de um assunto que nada tinha a ver com futebol'', admitindo que tem ''cuidados redobrados'' nas conversações telefónicas.
''Falo tranquilamente ao telefone, mas com alguns cuidados, porque não se sabe se do outro lado está uma rasteira. Cuidados redobrados quando ouvi o Procurador-geral da República dizer que não sabia se tinha o telefone sob escuta'', assinalou, revelando que escreverá um livro em que se vai ''descobrir muita coisa que outros não quiseram descobrir''.
Pinto da Costa foi pronunciado de corrupção desportiva activa, tal como o empresário António Araújo, enquanto o árbitro Augusto Duarte, outro dos co-arguidos, vai a julgamento pela alegada prática de um crime de corrupção desportiva passiva.
Este processo reporta-se ao encontro Beira Mar-FC Porto, da 31ª jornada da Superliga de 2003/2004, que foi realizado em 18 de Abril de 2004 e terminou com um empate sem golos.
Dois dias antes daquele jogo, o árbitro Augusto Duarte e António Araújo visitaram Pinto da Costa na sua casa na Madalena, Gaia.
O presidente portista terá dado então um envelope com dinheiro ao árbitro, acusa o Ministério Público.
O montante em causa seria 2.500 euros, segundo afirmações de Carolina Salgado, repetidas já no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, num depoimento que a juíza de instrução acabou por valorizar.