O perito Vítor Pereira afirmou hoje em tribunal que Valente Mendes, que apitou o jogo Dragões Sandinenses-Gondomar, “não teve arbitragem tendenciosa”.
Teve uma arbitragem “não isenta de erros, mas “isenta no conceito”, acrescentou, assinalando como seu maior erro a não expulsão de um jogador do Gondomar.
O perito disse também que “não gostaria de ter estado como árbitro” neste jogo, um dos mais “difíceis de dirigir” entre os investigados no âmbito do processo “Apito Dourado”.
“Não gostaria de ter estado como árbitro deste jogo, porque teve um conjunto de situações extremamente difíceis de avaliar”, frisou, a perguntas do procurador Gonçalo Silva.
“Tenho a noção de que há erros de decisão, repartidos, para ambas as situações”, disse também Vítor Pereira, que é o actual presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
Houve, no decorrer da partida, “uma série de lances que não são nem preto nem branco, que são difíceis, que podem ter diferentes interpretações, que obrigam a um trabalho muito preciso em termos de colaboração da equipa de arbitragem”.
“A prova - disse - é que é o assistente que dá indicação para duas grandes penalidades”.
O jogo Dragões Sandinenses-Gondomar SC decorreu a 21 de Dezembro de 2003, no Parque de Jogos de Sandim, Gaia, e reportava-se à 16ª jornada da Zona Norte da II Divisão.
O desafio terminou com o resultado em 1-1, com o empate a ser obtido pelo Gondomar SC aos 44 minutos através de grande penalidade alegadamente inexistente.
O desafio foi dirigido pelo arguido Valente Mendes, acusado no “Apito Dourado” de Gondomar de três crimes de corrupção desportiva na forma passiva.
A manhã da 17ª sessão do julgamento do “Apito Dourado” de Gondomar foi dedicada em grande parte à análise dos lances polémicos desta partida.
Tal como na tarde de quarta-feira, o visionamento das imagens fez-se num aparelho emprestado pelo Ministério Público, já que o disponível na sala de audiências do 2º Juízo Criminal não garantia uma reprodução de qualidade.
O juiz-presidente Carneiro da Silva já anunciou que o tribunal vai ter ao seu dispor uma tela e um projector.
O julgamento, sobre um alegado esquema para favorecimento do Gondomar SC na época 2003/2004, foi iniciado a 11 de Fevereiro, tendo decorrido hoje a 17ª sessão e a segunda depois das férias da Páscoa.
O processo “Apito Dourado”, que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol profissional português, foi desencadeado a 20 de Abril de 2004 com a detenção para interrogatório de vários dirigentes e árbitros de futebol.