A ex-dirigente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Andreia Couto, afirmou hoje que o presidente da LPFP tem «dificuldades» em lidar com opiniões divergentes, negando a intenção de se candidatar às próximas eleições.
"Tem dificuldade em aceitar qualquer tipo de pessoa que dê uma opinião diversa da dele. Basta atender ao número de colaboradores que já saíram da casa. Quem pensa pela própria cabeça e tem coragem de dar opinião", criticou.
Em entrevista à SIC Notícias, Andreia Couto, que trabalhou 16 anos na LPFP, comentava o seu despedimento da instituição, negando todos os factos que lhe foram imputados, como o de ser suspeita de passar contratos para o exterior ou o acesso indevido e divulgação de informação confidencial.
"Quando trabalhei com presidentes anteriores sentia sempre que, independentemente de concordar ou não, internamente dava a minha opinião. Muitas vezes discordei. Mas tive o cuidado de o dizer. Um bom colaborador não tem a obrigação de dizer que 'é fantástico, ótimo', mas chamar a atenção para possíveis problemas. Quem não entende assim, tem a sua maneira de ser, que tenho de respeitar", comentou.
Andreia Couto diz desconhecer os motivos da "lamentável campanha difamatória" contra si - "tem de perguntar ao presidente" - e recordou o seu percurso na instituição, na qual trabalhou "muito proximamente com cinco presidentes, sem que nenhum se tenha queixado" dos factos que agora lhe são imputados.
"Trabalhei com dossiers muito sensíveis em momentos muito críticos. Em fases de transição de presidentes assumi interinamente", lembrou, admitindo que se sentiu "encostada e marginalizada" por Pedro Proença, no sentido de não lhe darem trabalho durante algum tempo, na direção do departamento jurídico da LPFP.
Quando questionada se equacionava concorrer às próximas eleições, daqui a sensivelmente um ano, reconheceu que "no horizonte mais imediato, não" será candidata.
Esclareceu ainda que as autoridades não lhe confiscaram o telemóvel nem o portátil, assumindo que entregou o material voluntariamente "no dia" em que foi suspensa, "sinal de que nada temia".
Negou igualmente passar informação para terceiros - "tantos anos de trabalho, não iria ser agora que iria passar documentos oficiais ou não para o exterior" -, assumindo que tem na sua posse documentação da instituição para corresponder a "respostas imediatas" aos problemas que lhe são colocados "todos os dias, a qualquer hora".
Garantiu também que somente acedeu a informação digital para a qual estava "autorizada e no âmbito das funções desempenhadas".
Quanto ao alegado desrespeito por Pedro Proença em reunião com os colaboradores, negou os factos que "poderiam ser facilmente esclarecidos se a Liga disponibilizasse a gravação completa da formação, pois quem deve não teme".
"Enviei um email para preservarem essa gravação, para comprovar que nunca faltei ao respeito. Apenas falei em nome dos colaboradores, disponíveis para trabalhar e que gostariam de ser ouvidos em determinadas matérias. Falei de anteriores presidentes, que também fizeram um bom trabalho. E ele (Pedro Proença) é inteligente o suficiente para entender isso", completou.
A advogada diz que "este processo disciplinar é hediondo, horrível" e que "não tem ponta por onde se lhe pegue", classificando-o ainda de "completamente ilegal".
Revelou que sempre esteve "disponível para sair, com os direitos laborais devidos": "É tão-só essa a questão. Podemos falar de forma civilizada, urbana e fechávamos isto. Mas há um arrastar que culminou nisto."
Andreia Couto referiu ainda que foi à custa de "competência e profissionalismo" que conquistou o seu espaço "num mundo muito dos homens" que é o futebol, destacando a "dedicação e apreço" de 16 anos à Liga.
"Não me podem despedir com base em suspeitas. Estou de consciência muito tranquila. Acionei todos os meios judiciais. Não se faz isto à vida das pessoas. Demorei muito tempo a conquistar o que consegui, fruto do meu trabalho e profissionalismo. Através de atos e não palavras", concluiu.