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Dois títulos em duas épocas, os primeiros numa carreira de três décadas, e o desafio de se tornar o primeiro treinador português de futebol a conquistar um “tri” marcam o trajecto triunfante de Jesualdo Ferreira no FC Porto.
Com 61 anos, o treinador que quarta-feira renovou por mais uma temporada pelos “dragões” tem também a missão de oferecer novo “tetra” do clube do Porto, depois do feito do inédito ''penta'' portista, entre 1994/95 e 98/99 (o holandês Co Adriaanse iniciou este trabalho em 2005/06).
Com um “onze” sempre bem definido e sem dar grande oportunidade aos reforços, Jesualdo Ferreira foi claramente uma aposta ganha do presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e mostrou que, num clube com condições de trabalho ímpares e jogadores acima da média lusa, é fácil ser campeão. Como foi, em tempos, no Benfica.
Curiosamente, o técnico dos “dragões” começou 2006/2007 no Boavista, depois de dispensado do Sporting de Braga, após três anos bem conseguidos (um quinto lugar, em 2003/2004, e dois quartos, em 2004/2005 e 2005/2006), saindo já em plena pré-temporada.
Numa manobra pouco habitual, Jesualdo Ferreira aceitou o convite de Pinto da Costa para substituir o holandês Co Adriaanse, que “bateu com a porta” inesperadamente, cumprindo, nas suas palavras, um “sonho antigo”, que também era do líder portista.
Jesualdo chegou e, em dois anos, conquistou outros tantos títulos na Liga de futebol, apesar de ter falhado nas outras provas, sobretudo na Liga dos Campeões, e tornando-se incapaz de repetir o êxito, por exemplo, de José Mourinho.
O treinador do FC Porto, bicampeão, sucede assim ao húngaro Mihaly Siska, José Maria Pedroto, Artur Jorge, o brasileiro Carlos Alberto Silva, o inglês Bobby Robson, António Oliveira e José Mourinho, como conquistador de dois campeonatos consecutivos.
Depois de, como adjunto de Toni, ter conquistado dois ceptros pelo Benfica (1988/89 e 93/94), Jesualdo Ferreira ganhou como líder na sua 10ª época na divisão principal - a primeira ao serviço do FC Porto -, mas apenas a quinta completa, depois de uma no Alverca e três no Sporting de Braga.
Quase sempre em ''4-3-3'', Jesualdo Ferreira festejou oito vitórias a abrir este campeonato (20 vitórias em 25 jogos) e apesar das derrotas, únicas, frente ao Sporting e Nacional, foi praticamente imbatível, como também se vê no número de empates (três).
Com apenas um golo sofrido em casa (nove, na totalidade), o FC Porto de Jesualdo nem sempre praticou um futebol atractivo, mas soube resguardar-se das tímidas investidas dos adversários e chegou ao final da primeira volta praticamente campeão, sobretudo após triunfos na Luz e frente ao Sporting, no Dragão.
Com um plantel luxuoso e desenhado para a sua estratégia preferida, Jesualdo Ferreira teve ainda em Lisandro Lopez um avançado à altura das ex-glórias Fernando Gomes, Mário Jardel e Benni McCarty e uma defesa e um meio-campo com qualidade invejável, sobretudo em comparação com as de Benfica e Sporting, muito longe daquilo que prometeram na pré-temporada.
Adaptado às grandes competições europeias, é agora tempo de Jesualdo Ferreira brilhar em outros patamares, sob pena de marcar a sua passagem no FC Porto com nota “20” interna, mas apenas mediana apenas na Liga dos Campeões.
Ter o melhor plantel ajudou, mas Jesualdo Ferreira também tem, como responsável máximo, o seu mérito na conquista dos títulos, embora, como antes no Benfica, qualquer treinador se arrisque, nos tempos que correm, a ser campeão quando chega ao FC Porto.
