O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Mustafá saíram hoje em liberdade, sujeitos a apresentações diárias às autoridades, no âmbito da investigação ao ataque à academia de Alcochete, anunciou o Tribunal do Barreiro.
Em comunicado divulgado pelo Juízo de Instrução Criminal do Barreiro, lê-se que foi determinado, além das apresentações diárias aos órgãos de polícia criminal, o pagamento por cada um dos arguidos de uma caução de 70.000 euros.
Bruno de Carvalho e Nuno Mendes, líder da claque Juventude Leonina, conhecido por Mustafá, foram detidos no domingo e interrogados na quarta-feira pelo juiz Carlos Delca, num processo que já tinha 38 arguidos em prisão preventiva.
Bruno de Carvalho está indiciado por terrorismo, sequestro, ameaça agravada, detenção de arma proibida, ofensa à integridade física qualificada e dano com violência.
No total, o ex-presidente do clube lisboeta está indiciado de 57 crimes: um de terrorismo, 20 de sequestro, 20 de ameaça agravada, dois de detenção de arma proibida, 12 de ofensa à integridade física qualificada e dois de dano com violência.
Mustafá está indiciado pelos mesmos crimes de Bruno de Carvalho, acrescido de um de tráfico de droga, tendo Carlos Delca considerado que “a atuação dos arguidos revela um manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas”.
No entanto, o juiz entendeu que apenas em relação ao crime de tráfico de droga, imputado a Mustafá, “se verificam fortes os indícios resultantes dos elementos de prova”, razão pela qual considerou não estarem reunidos os pressupostos para a aplicação de medidas de coação mais gravosas relativamente aos outros crimes.
Em 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, membros da equipa técnica e outros funcionários.
A GNR deteve no próprio dia 23 pessoas e efetuou, posteriormente, mais detenções - das quais as mais recentes foram as de Bruno de Carvalho e Mustafá, no domingo -, que elevaram para 40 o número de arguidos, suspeitos de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
O ataque motivou o pedido de rescisão unilateral de contrato de nove futebolistas, alegando justa causa, alguns dos quais recuaram na decisão e continuam a representar os ‘leões’, e lançou o clube lisboeta em uma das maiores crises institucionais da sua história.
Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o Sporting, foi destituído em Assembleia Geral em 23 de junho e impedido de concorrer às eleições do clube de Alvalade, das quais Frederico Varandas saiu como novo presidente.