Uma situação incomum chamou a atenção de todo o planeta um pouco antes do início da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Trata-se da conquista da candidatura conjunta do México, Estados Unidos e Canadá para receber a Copa do Mundo em 2026, que foi vencida face à candidatura singular de Marrocos.
A ocasião é uma das primeiras vezes que uma candidatura conjunta é escolhida para receber um evento desta escala. E o acontecimento é algo que pode não apenas representar uma mudança positiva na forma de escolha de grandes eventos desportivos como também solucionar os principais problemas associados a hospedar celebrações deste porte.
Cooperação de países para realização de eventos desportivos já é prática comum
A cooperação dos países para grandes desportos não é novidade e já acontece em várias frentes. Por exemplo, o European Poker Tour (EPT) apresenta várias nações e o poker online entre jogadores de Portugal, Espanha e França já é uma realidade há mais de ano. No próprio universo do futebol existem diversos casos de sucesso, como a Liga dos Campeões da UEFA e a recente Liga das Nações Europeias, que conta até mesmo com Portugal como semifinalista.
Estas competições internacionais contam com partidas que são disputadas em todos os países membros e finais de temporada em locais variados, o que aumenta a importância e popularidade dos embates ao mesmo tempo que divide os lucros e custos entre todos os participantes.
Candidaturas conjuntas podem vir a solucionar os principais problemas da hospedagem de eventos
De acordo com dados da respeitada revista americana The Economist, a candidatura conjunta é a principal solução para a questão do enorme custo associado a eventos de grande porte como as Olímpiadas e a Copa do Mundo.
Separar o custo total entre três países deve vir a reduzir de maneira significativa a pressão financeira sobre o principal organizador da Copa do Mundo FIFA de 2026, os Estados Unidos. Além disso, tanto ele quanto o Canadá já possuem bons estádios que vão precisar de poucas renovações para receber os jogos do Mundial.
As diversas vantagens da cooperação internacional têm vindo a ser notadas pelos países que gostariam de receber esses eventos e a ideia já se está a espalhar pelo mundo. No começo do ano, o Uruguai, a Argentina e o Paraguai anunciaram a sua candidatura conjunta e diversos outros países devem acabar por fazer o mesmo no futuro.
Portugal também pode vir a participar numa candidatura conjunta
Há poucos dias surgiu a notícia de que Portugal, Espanha e Marrocos também poderiam apresentar de maneira conjunta uma candidatura para a Copa Mundial de Futebol de 2030.
De acordo com informações fornecidas pelo jornal El País, durante uma visita a Rabat, o ministro espanhol Pedro Sánchez apresentou a ideia ao Primeiro Ministro marroquino Saadedín Al Othmani e ao rei do país, Maomé VI.
"Fiz uma proposta ao governo (de Marrocos) para organizar uma oferta conjunta entre Espanha, Portugal e Marrocos, para sediar a Copa do Mundo de 2030", disse Sanchez durante uma entrevista coletiva.
"Estamos a lançar uma mensagem conjunta, que diz que será uma oferta entre dois continentes. O rei de Marrocos é receptivo e vamos trabalhar com Portugal. Estamos muito animados com isso", completou o ministro espanhol.
Espanha sediou a Copa do Mundo em 1982 e já lançou uma oferta fracassada juntamente com Portugal, para sediar o torneio em 2018. Apesar da boa candidatura, ambos os países acabaram por ser vencidos pela Rússia.
Já Marrocos não teve sucesso na sua campanha para sediar a Copa do Mundo em 2026, ocasião em que foi vencido pela já mencionada candidatura tripla dos Estados Unidos, México e Canadá.
Em 2030, serão quase 50 anos completos desde que a Espanha sediou pela última vez um grande torneio de futebol, mas o ministro Sanchez está confiante numa oferta bem sucedida com a probabilidade de a Copa do Mundo voltar à Europa.
A ideia foi bem recebida pelas autoridades de ambos os países e o ministro português, Tiago Brandão Rodrigues, afirmou que dará mais informações aos jornalistas assim que for oficialmente contactado.
Forte tendência para o futuro
A candidatura de Portugal com Espanha e Marrocos pode eventualmente não chegar a concretizar-se, mas a tendência de candidaturas conjuntas para os próximos eventos de grande porte é algo que definitivamente está em alta e deve vir a ocorrer cada vez mais nas próximas décadas.