O actor António Reis, do grupo de teatro Seiva Trupe, considerou hoje que o ''Boavista continua a ter estrutura para adiar o cadáver'', instantes depois de saber que o plantel de futebol desconvocou a greve ao jogo de domingo.
Num dos momentos mais difíceis da vida do Boavista, com um passivo superior a 80 milhões de euros, o actor portuense, adepto e sócio do clube ''axadrezado'' há cerca de 30 anos, disse à Agência Lusa ainda acreditar no futuro.
''Ainda acredito no futuro. No património que o Boavista tem e que possa surgir um investidor a curto prazo'', salientou o sócio número 2.123.
António Reis considera que os problemas do Boavista surgem do exercício anterior, na liderança de João Loureiro nos últimos cinco anos, e que o novo presidente, Joaquim Teixeira, não tinha noção daquilo que ia encontrar.
''Muitas coisas estavam escondidas. É um passivo de mais de 80 milhões. Ele (Joaquim Teixeira) não sabia o que herdou e os credores começaram a saltar'', salientou António Reis, frisando os esforços que a nova direcção tem tentado reunir.
Na opinião do actor a decisão de hoje dos futebolistas, em cancelarem a greve ao jogo com o Nacional - com a promessa de que um mês será pago para a semana e o outro mês e meio até 05 de Maio -, é encarada com felicidade.
''É uma grande vitória. Não entrar na história pelos piores motivos, como a primeira equipa a fazer uma greve após o 25 de Abril'', disse o actor e encenador.
António Reis disse ainda ter visto em Sérgio Silva, um suposto investidor que viria a ser ouvido sexta-feira pela Polícia Judiciária, ''um mitómano''.
''Esse episódio é para esquecer. Não sou jurista, psicólogo ou psiquiatra, mas tirei-lhe logo o retrato'', acrescentou António Reis, afirmando esperar que os acontecimentos dos últimos dias possam servir de lição.