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Miguel Oliveira quer aprender sem pensar nos resultados na estreia no MotoGP

O português Miguel Oliveira vai estrear-se em MotoGP, principal campeonato do mundo de motociclismo de velocidade, e deve encará-lo como um ano para "aprender e não pensar nos resultados", segundo Miguel Praia.

Miguel Oliveira quer aprender sem pensar nos resultados na estreia no MotoGP
Futebol 365

O conselho parte do mais bem-sucedido piloto português no motociclismo mundial até ao aparecimento do jovem natural da Charneca de Caparica (Almada).

"Ele estava completamente adaptado à Moto2 e agora tem pela frente um cenário completamente diferente", sublinhou Miguel Praia, que tem sido um dos conselheiros privilegiados de Oliveira.

O piloto vai estrear-se na categoria rainha aos comandos de uma KTM, da formação Tech3, que até ao pódio na última corrida do ano tinha como melhor resultado um 10.º lugar.

Aos 23 anos, Oliveira chega ao MotoGP depois de ter sido vice-campeão do mundo em Moto2, em 2018, e Moto3, em 2015, com um total de seis triunfos, três em cada uma das categorias secundárias.

Miguel Praia, que chegou a disputar o Mundial de Superbikes, para motas derivadas das de série, advertiu que as MotoGP "são completamente diferentes" e bastante mais potentes.

"A eletrónica é muito mais interventiva. A potência de travagem e de motor é muito maior, pelo que será um ano de aprendizagem", frisou o algarvio, referindo-se às diferentes de cerca de 140 cavalos de potência entre Moto2 (130cv) e MotoGP (270cv).

O facto de estar incluído na Tech3 e não na equipa oficial pode tornar o cenário mais complicado para o piloto da KTM, pois vai ter de "aprender com quem também está a aprender", uma vez que a equipa francesa faz também a sua estreia com as máquinas austríacas depois de anos com a Yamaha.

O próprio patrão da equipa, o francês Hervé Poncharal, em entrevista à Lusa, salientou que "um top 10 com Miguel na primeira metade da época de 2019 será fantástico", mas que não espera "isso no início".

O português admitiu que tem em mãos uma mota "que foi pensada para estar entre o 10.º e o 15.º lugar", reconhecendo a dificuldade de lutar por pódios nas primeiras corridas.

Contudo, Miguel Praia disse acreditar que "é realista apontar para um lugar nos pontos, entre os 15 primeiros".

"Seria já um resultado de louvar", referiu Miguel Praia, salientando que, “em condições de chuva, em que o Miguel Oliveira é forte, pode haver uma surpresa”.

O antigo piloto alertou ainda para maior exigência física em MotoGP, considerando-a uma dificuldade para quem, como o português, tem uma condução mais fluida.

"Estamos a preparar um trabalho de pré-época para o ajudar a ganhar mais massa muscular pois vai ter de ter mais força para se aguentar em cima da mota. Agora também temos uma pista de ‘flat track’ [uma pista para treinar equilíbrio e derrapagens], como a do Valentino Rossi", explicou Miguel Praia.

Ter consciência das limitações que vai enfrentar ao longo da temporada é um dos pontos fortes de Miguel Oliveira, que o vai ajudar a lidar com a pressão acrescida da comparação com outros estreantes, como os italianos Francesco Bagnaia, atual campeão do mundo de Moto2, e Fabio Quartararo e o espanhol Joan Mir.

"Ele tem consciência que os adversários no título para melhor ‘rookie' correm com melhores motas, em projetos mais desenvolvidos e experientes. O Miguel tem de se abstrair disso", ressalvou.

A edição de 2019 do Mundial de MotoGP inclui 19 corridas, a primeira das quais no Qatar, em 10 de março, e a última em Valência, em 17 de novembro.

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