Rui Pedro Pinheiro, advogado do arguido no processo 'e-toupeira' Júlio Loureiro, considerou hoje que foi feita justiça com a decisão instrutória que exclui o seu cliente de julgamento por corrupção no âmbito deste caso.
"Sempre disse que este processo, para o Júlio Loureiro, era o 'e-nada', e estávamos desde o início convencidos que o 'e-nada' não ia dar em nada. Estamos satisfeitos com a decisão. Fez-se justiça. Às vezes faz-se justiça", afirmou aos jornalistas o advogado no final dos trabalhos no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
Questionado sobre se o seu cliente pondera agora pedir uma indemnização ao Estado, Rui Pedro Pinheiro admitiu estar a ponderar essa possibilidade, sem adiantar mais informações sobre esta matéria.
"Não havia indícios criminais nem contra o Júlio Loureiro, nem contra a SAD do Benfica", sublinhou, considerando que é normal existirem "relações" entre as pessoas. "Toda a gente tem amigos no futebol", comentou.
Sobre a possibilidade de o Ministério Público recorrer da decisão hoje tomada no TCIC, Rui Pedro Pinheiro disse que vai aguardar com "serenidade" o desenrolar dos acontecimentos, mas admitiu que espera que não haja recurso.
De resto, o advogado de Júlio Loureiro afasta que tenha havido "má fé" na acusação do Ministério Público contra o seu cliente. "Não há má fé nenhuma do Ministério Público. Isto é a justiça a funcionar".
No que toca aos outros arguidos, Paulo Gonçalves e José Silva - que vão ser julgados por vários crimes, entre os quais a corrupção -, Rui Pedro Pinheiro não se alongou em comentários, frisando apenas que "mesmo quem vai a julgamento pode não ser condenado".
O TCIC, em Lisboa, decidiu hoje não levar a julgamento a SAD do Benfica, por nenhum dos 30 crimes pelos quais estava acusada, mas o antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves será julgado por corrupção.
A decisão instrutória foi proferida na tarde de hoje pela juíza de instrução criminal Ana Peres, que não pronunciou (não levou a julgamento) a SAD ‘encarnada’ por nenhum dos 30 crimes que constam da acusação do Ministério Público (MP): um de corrupção ativa, outro de oferta ou recebimento indevido de vantagem e 28 crimes de falsidade informática.
Segundo a acusação do MP, Paulo Gonçalves, enquanto assessor da administração da Benfica SAD, e no interesse da sociedade, solicitou aos funcionários judiciais Júlio Loureiro (que também não vai a julgamento) e a José Silva (que vai a julgamento, mas que sai em liberdade - estava em prisão domiciliária) que lhe transmitissem informações sobre inquéritos, a troco de bilhetes, convites e 'merchandising'.