O Ministério Público requereu hoje, em Gondomar, o aditamento de Soares Franco e Artur Jorge como testemunhas para a descoberta da verdade sobre as eleições na Federação Portuguesa de Futebol em 1998 e 2002.
Soares Franco e Artur Jorge fazem parte de um rol possível de novas testemunhas do processo ''Apito Dourado'' que incluem os nomes de António Carraça, Luís Duque e Vítor Pereira, além de outras cinco que poderão ser ouvidas sobre as escutas telefónicas efectuadas.
Perante a oposição dos mandatários de defesa dos arguidos, que pediram dez dias para se pronunciarem sobre o requerimento do Ministério Público (MP), o juiz presidente não tomou qualquer decisão e pronunciar-se-á “oportunamente”.
O motivo da contestação prendeu-se com o facto de a aditação do rol de testemunhas por parte do MP não identificar o elemento de verdade material que com ele se pretende provar e as razões pelas quais as testemunhas em causa e o meio de obtenção de prova terão relevância para a descoberta da verdade.
Briosa e Gala foi hoje ouvido como testemunha de defesa de Pinto de Sousa, ex-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, acusado de 26 crimes dolosos de corrupção passiva e acto ilícito.
Para desmontar a acusação de que Pinto de Sousa respondia a pedidos de José Luís Oliveira para agradar a Valentim Loureiro e chegar aos círculos do poder, o ex-secretário de Estado referiu que a “política é que lhe pediu um serviço que ele desempenhou contra as suas inclinações futebolísticas”.
Referia-se ao convite que fez a Pinto de Sousa para mandatário da candidatura de Portugal ao Euro 96, na qual “um dos sacrificados foi o Boavista, que não constou da lista final das infra-estruturas apresentada à UEFA”.
Durante a sessão começaram ainda a ser ouvidas as testemunhas de defesa de Carlos Carvalho, presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto na época 2003/04, acusado de dois crimes de corrupção desportiva activa sob a forma de cumplicidade.
Em causa estão escutas telefónicas, segundo uma das quais Carlos Carvalho terá, alegadamente, prescindido de ir à comemoração do centenário do Boavista FC para falar com árbitros a pedido de José Luís Oliveira.
“É uma desculpa”, justificou Manuel Vaz, antigo vice-presidente da Associação do Porto, quando confrontado com a leitura pelo juiz presidente.
Sabendo do “ódio fidagal entre Adriano Pinto e Valentim Loureiro”, a testemunha de defesa de Carlos Carvalho sustentou que o arguido terá agido dessa forma porque “era complicado representar a associação no Boavista”.
Álvaro Braga Júnior classificou mesmo o diálogo entre Carlos Carvalho e José Luís Oliveira lido em tribunal como uma “conversa da treta”.
O julgamento prossegue na próxima segunda-feira em Gondomar com a audição de João Macedo, Ricardo Pinto e Silva Peneda.
O processo “Apito Dourado”, que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol profissional e na arbitragem, foi tornado público a 20 de Abril de 2004, com a detenção para interrogatório de vários dirigentes.