O segundo classificado Vitória de Guimarães tropeçou hoje na caminhada rumo à Liga dos Campeões em futebol, ao sair goleado da recepção ao tricampeão FC Porto por 5-0, na 28ª e antepenúltima jornada da Liga.
Com “bis” de Ricardo Quaresma e golos de Bruno Alves, Ernesto Farias e Adriano, todos na segunda parte, o FC Porto somou a 23ª vitória neste edição da Liga (a 10ª fora) e aplicou aos vitorianos a segunda derrota em casa, depois do desaire frente ao Benfica (além dos empates com Vitória de Setúbal e Paços de Ferreira).
Apesar da derrota em que poucos acreditavam, até pelo 0-0 ao intervalo, o Vitória de Guimarães mantém, no mínimo, a terceira posição (até pode segurar a segunda, caso o Sporting não vença mais logo o Marítimo) e está bem encaminhado para assegurar presença na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, ainda que a deslocação a Belém, na próxima ronda, seja de alto risco.
A formação de Manuel Cajuda, goleada de forma injusta e fruto, sobretudo, do “cinismo” do FC Porto, podia até ter conseguido um melhor resultado, caso Moreno e Alan, na primeira parte e nas melhores ocasiões deste período, tivessem tido o engenho de superar Helton. O contra-ataque dos “dragões” e o génio de Quaresma acabaram por ser determinantes.
O destaque maior, logicamente a seguir à goleada imposta pelo FC Porto, vai para o comportamento dos adeptos do Vitória que, mesmo “sufocados” pelos bicampeões portugueses, apoiaram sempre a equipa, mesmo quando o marcador já assinalava 4-0. No final do jogo, a mesma história: apoio incontestável.
O FC Porto, mesmo em poupança, voltou a demonstrar o porquê de tamanha superioridade na Liga portuguesa e regista já mais 23 pontos do que o seu mais directo adversário, seja ele o Vitória de Guimarães ou o Sporting, mais logo.
Apesar de ter afirmado que iria escalonar uma equipa sem revolução, o certo é que o treinador do FC Porto promoveu quatro alterações relativamente ao “onze” base, com destaque para a inclusão de Stepanov no eixo defensivo, ao lado de Bruno Alves e com os laterais Lino e Fucile.
No meio-campo apareceram Paulo Assunção, Bolatti e Raul Meireles (Lucho Gonzalez, Bosingwa e Tarik Sektioui não foram convocados), ficando o ataque a cargo de Mariano Gonzalez, Ricardo Quaresma e Lisandro Lopez.
Do lado do Vitória de Guimarães, Manuel Cajuda apresentou-se no esquema habitual e semelhante ao utilizado pelo FC Porto (4x3x3), com Nilson, na baliza, e uma defesa composta por Andrezinho, Sereno, Geromel e Mohma.
No meio-campo, Moreno e Flávio Meireles surgiram mais recuados e Ghilas apareceu como primeiro apoio ao ataque composto por Alan, Desmarets e Mrdakovic.
Séria e com vontade de bater recordes, também como Jesualdo defendeu em conferência de imprensa, a equipa “azul-e-branca” entrou melhor e criou três ocasiões perigosas nos instantes iniciais, mas os remates de Fucile (quatro minutos), Lisandro (sete) e Bruno Alves (16) nunca tiveram a melhor direcção.
O Vitória de Guimarães, a namorar há longo tempo a “Champions” e perto do objectivo, acordou com o apoio do público - um ambiente de “derby” - e viu Helton negar por duas vezes o golo inaugural: primeiro, numa “bomba” de Moreno, na sequência de um livre e, depois, na tentativa de canto directo de Alan, aos 20 e 21 minutos.
O guarda-redes Nilson brilhou aos 34 minutos, após trivela de Quaresma e com Lisandro solto na área, mas foi a equipa de Manuel Cajuda a terminar a primeira parte por cima, com dois remates de Desmarets e Flávio Meireles, aos 42 e 43 minutos, respectivamente.
Ao intervalo, Jesualdo poupou Paulo Assunção e chamou Kazmierczak, e festejou pouco depois o golo inaugural, aos 53 minutos: Lino bateu uma falta da direita, a castigar falta sobre Mariano, e Bruno Alves desviou a bola de Nilson com um cabeceamento fortíssimo.
Cajuda fez avançar Roberto para o lugar de Mrdakovic (55 minutos) e Moreno (57) voltou a obrigar Helton a uma defesa de enorme qualidade, novamente na transformação de um livre frontal.
Os vitorianos responderam bem ao golo do FC Porto, mas foram incapazes de segurar a desvantagem mínima, já que o génio de Quaresma, aos 59 minutos, fez tudo o resto: após ultrapassar Andrezinho, o internacional português rematou em arco, sobre a esquerda, ainda fora da área, e nem a elasticidade de Nilson impediu o segundo.
O treinador do Vitória apostou, então, em Carlitos e retirou o médio defensivo Moreno, enquanto Jesualdo colocou Adriano no lugar de Lisandro e, aos 62 minutos, Bolatti parece ter cortado a bola com a mão dentro da área, mas Paulo Costa nada assinalou.
Carlitos rematou então para defesa de Helton (66 minutos), mas Quaresma decidiu estragar de vez a festa vimaranense (71), com um remate indefensável à entrada da área, após boa jogada individual, na sequência de um lançamento de Bolatti.
Completamente balanceado no ataque, o Vitória de Guimarães viria ainda a sofrer o quarto golo, aos 78 minutos, quando Farias aproveitou a superioridade numérica para desviar a bola de Nilson, guarda-redes, que, aos 82, defendeu um “tiro” de Adriano.
Nilson não conseguiu, no entanto, travar novo contra-ataque portista, selado com o quinto golo dos “dragões”, por intermédio de Adriano, aos 83 minutos, momentos antes de nova defesa de luxo de Helton, desta vez a remate de Ghilas.