O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Hermínio Loureiro, vai propor que os clubes com salários em atraso fiquem impedidos de disputar as competições profissionais, para acabar com a ''vergonha'' das dívidas aos jogadores.
Em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, Hermínio Loureiro manifestou-se confiante na conclusão do processo Apito Final antes do início da época 2008/09 e, ''numa análise rápida e superficial'', defendeu que os clubes - no exemplo o Boavista - devem ser impedidos de jogar em caso de condenação pela Comissão Disciplinar da Liga, mesmo que exista recurso pendente no Conselho de Justiça (CJ) federativo.
''Vou escrever pelo meu punho e apresentar uma proposta no sentido de criar condições para que, no final da época desportiva, a Liga possa saber se há ou não incumprimento salarial. E só quando for regularizado é que (os clubes) poderão voltar à competição'', anunciou o presidente da LPFP.
Para Hermínio Loureiro, ''os salários em atraso são uma vergonha em qualquer actividade'', mas adiantou que desconhece ''outro sector em que os trabalhadores tenham mecanismos que possam impedir a própria equipa de voltar a jogar e a inscrever jogadores'', apelando ainda à contenção salarial.
''Vamos ter que ser mais rigorosos e ter uma perspectiva de contenção e moderação salarial. Estão a ser dados sinais de alerta na nossa economia e o futebol português não pode viver acima das suas possibilidades. Não deixarei de alertar os presidentes dos clubes para esta situação'', observou.
O presidente da Liga de clubes manifestou-se convicto de que o processo desportivo Apito Final, desencadeado pelo judicial Apito Dourado, sobre corrupção no futebol português, estará concluído antes do arranque da próxima temporada, mas ''sem tomar decisões precipitadas''.
''Ficaria muito desiludido se as decisões não fossem tomadas em tempo útil. Espero que, quem quiser recorrer, tenha tempo que permita que as decisões do Conselho de Justiça (da Federação Portuguesa de Futebol) sejam tomadas ainda antes do início da época desportiva seguinte'', disse o dirigente.
Hermínio Loureiro admitiu mesmo a possibilidade de penalizar o Boavista, um dos clubes envolvidos no Apito Final, em conjunto com o tricampeão FC Porto e a despromovida União de Leiria, mesmo que exista um recurso ainda em apreciação no CJ da federação à data do início da nova época.
''Numa análise rápida e superficial, aparentemente e a esta distância, julgo que não pode jogar'', defendeu, reconhecendo a necessidade de ''actualizar os regulamentos'' da Liga, em harmonia com a nova lei da corrupção, que contempla a corrupção desportiva.
O presidente da LPFP desafiou ainda a administração fiscal a publicar os valores pagos pelos clubes profissionais, adiantando que ''os portugueses ficariam admirados e olhariam de outra forma para o futebol português'' se os conhecessem, assumindo: ''É um trabalho que, no limite, a Liga fará''.