O presidente do Boavista, Joaquim Teixeira, escusou-se hoje a comentar a notícia da renúncia dos administradores da SAD “axadrezada” para o futebol e manifestou-se disponível para continuar na liderança do clube.
“Tenho vontade de continuar, mas não sei se há gente que quer que eu continue”, disse à Agência Lusa Joaquim Teixeira, que assumiu a presidência do Boavista em meados de Novembro.
O presidente boavisteiro não comentou a renúncia de Álvaro Braga Júnior do cargo de presidente da SAD, afirmando apenas: “Quero falar primeiro com ele”.
Álvaro Braga Júnior foi uma escolha pessoal de Joaquim Teixeira para a presidência da SAD do Boavista, sucedendo a João Loureiro, que acumulava o cargo com a presidência do clube.
Segundo Álvaro Braga Júnior, os outros dois administradores, Manuel Barbosa e Adelina Trindade Guedes, vão acompanhá-lo na renúncia, que tem como fundamento “razões de ética e dignidade para com os jogadores e restantes elementos do departamento de futebol”, que continuam com salários em atraso.
O pedido de renúncia será ainda hoje formalizado junto dos presidentes da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal da SAD, mas os administradores vão continuar em funções até ao final de Junho, de acordo com o previsto no Código das Sociedades Anónimas.
Joaquim Teixeira, que tem estado ausente do clube por motivos de sáude, mas anunciou a intenção de ainda hoje passar pelo Estádio do Bessa, garantiu que se tem mantido em contacto “com a Direcção todos os dias, nomeadamente com o presidente-adjunto'', Tavares Rijo.
O Boavista, que domingo visita o segundo classificado Sporting, na 30ª e última jornada da Liga, vive uma grave crise financeira e devia ter pago até segunda-feira os salários em atraso aos futebolistas, mas a regularização dos ordenados acabou por ser adiada para hoje, devido à folga do plantel, e voltou a não acontecer.
Em causa estão os salários de Março e 60 por cento dos vencimentos de Dezembro, mas em 08 de Maio, quinta-feira, vencem os ordenados relativos ao mês de Abril.
Em meados de Abril, os jogadores chegaram a ameaçar fazer greve ao jogo em casa com o Nacional, intenção que não chegou a concretizar-se depois de um acordo entre o plantel e responsáveis do clube.
Com um passivo em redor dos 100 milhões de euros, nos dias anteriores o Boavista vivera na expectativa de receber uma injecção de quase 40 milhões de euros, mas o alegado investidor Sérgio Silva revelou-se um logro e acabou por ser constituído arguido por suspeitas de tentativa de burla e falsificação de documentos.