Os futebolistas do Boavista remeteram-se hoje ao silêncio após o treino efectuado no Estádio do Bessa, no Porto, dando a entender que não falarão com os jornalistas antes de domingo, dia do jogo com o Sporting, em Lisboa.
Um dia depois da Administração da SAD ter anunciado a renúncia em bloco por não conseguir cumprir a promessa de pagar os salários em atraso aos jogadores - cujo prazo tinha terminado segunda-feira e depois fora adiado para terça-feira devido à folga do plantel -, os futebolistas recusaram falar com os jornalistas.
Em causa está a possibilidade de alguns jogadores rescindirem o contrato com o nono classificado da Liga alegando justa causa, o que, no entanto, não deve acontecer antes da última jornada do campeonato, que se disputa no fim-de-semana, uma vez que os futebolistas adiaram os contactos com a Imprensa para domingo.
Apesar do pedido de renúncia, que terá sido formalizado terça-feira, os administradores da SAD vão continuar em funções até ao final de Junho, de acordo com o previsto no Código das Sociedades Anónimas.
O Boavista, que domingo visita o segundo classificado Sporting na 30ª e última jornada da Liga, vive uma grave crise financeira e devia ter pago até segunda-feira os salários em atraso aos futebolistas.
Em causa estão os salários de Março e 60 por cento dos vencimentos de Dezembro, mas em 08 de Maio, quinta-feira, vencem os ordenados relativos ao mês de Abril.
Em meados de Abril, os jogadores chegaram a ameaçar fazer greve ao jogo em casa com o Nacional, intenção que não chegou a concretizar-se depois de um acordo entre o plantel e responsáveis do clube.
O acordo foi estabelecido na véspera do jogo, numa reunião em que esteve presente o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, Joaquim Evangelista, e teve como base o compromisso de que um primeiro mês de salários em atraso seria pago de imediato, o que aconteceu, e os restantes seriam liquidados até 05 de Maio.
Com um passivo em redor dos 100 milhões de euros, nos dias anteriores o Boavista vivera na expectativa de receber uma injecção de quase 40 milhões de euros, mas o alegado investidor Sérgio Silva revelou-se um logro e acabou por ser constituído arguido por suspeitas de tentativa de burla e falsificação de documentos.